De Juliana Antunes, o longa Baronesa brinca com os detalhes da vida cotidiana dos favelados de Minas Gerais, em especial Andreia Pereira de Sousa e Leid Ferreira. O filme começa mostrando a vida de Leid e seus filhos, que vivem juntos em uma casa muito simples, tentando se virar sem grandes recursos, enquanto o pai dos garotos está preso.
O longa começou como um TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) e impressiona demais pela naturalidade com que as cenas se desenrolam, uma vez que há uma mistura enorme de personagens e intérpretes. O trabalho da produção de se mergulhar na rotina das mulheres é recompensado com uma conversa franca e parecida com a realidade.
Quase não há trilha ao longo do filme, com exceção ao final com a música Vida Loka – Parte II, de Racionais Mc’s, e outros momentos em cenas esparsas. Fora isso, as músicas aparecem na boca das pessoas que a câmera flagra. Talvez o maior problema mora exatamente no misto de documental e ficção. A questão é que para Leid e Andreia talvez seja perigoso caso o filme chegue ao conhecimento dos traficantes reais, já que tudo o que está em tela foi filmado dentro das favelas, que estavam em guerra, por sinal. O fato de ter evoluído de um trabalho acadêmico para um evento premiado em festivais tem seu preço, e popularidade. Há de ser cuidado com isso.
O modo com Antunes registra suas imagens é bastante curioso. O fato de rodar tudo in loco torna a apreciação de Baronesa em um mergulho na intimidade de tantas pessoas que vivem uma realidade semelhante aquela passada nos bairros de Belo Horizonte, Juliana, Jaqueline, Vila de Mariquinha, uma vez que aquela quebrada é bem semelhante a tantas outras pelo Brasil metropolitano. No entanto, falta algo dentro da proposta, que parece ter mais contemplação do que ânsia por contar uma história , exceção feita a questão da guerra do tráfico, que no final das contas , também não causa tão grande impacto na vida das duas mulheres, exceto por uma perda que elas já esperavam. Fora isso, nem o naturalismo chega por de qualquer ineditismo ou mera novidade, soando só mais um filme comum desse sub gênero.
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