Desde a misteriosa morte de sua mãe, Magnus tem vivido sozinho nas ruas de Boston, sobrevivendo por sua inteligência, mantendo-se um passo à frente da polícia e dos guardas preguiçosos. Um dia, ele é encontrado por um tio que nunca conheceu — um homem que sua mãe dizia ser perigoso. Seu tio lhe conta um segredo impossível: Magnus é filho de um Deus Nórdico. Os mitos vikings são reais.
Os Deuses de Asgard estão se preparando para a guerra. Trolls, gigantes, e monstros piores estão agitados para o dia do juízo final. Para evitar Ragnarok, Magnus deve procurar pelos Nove Mundos uma arma que foi perdida há milhares de anos.
Soa familiar? Pois é. Primeiro volume da série Magnus Chase e os Deuses de Asgard, o livro conta a história de um garoto meio esquisito com humor afiado que, a princípio, lembra bastante Percy Jackson. Aliás, não só o personagem, assim como a narrativa remete ao ladrão de raios – que, por sua vez, faz pensar em Harry Potter. Mas convenhamos, não é nenhuma novidade uma história em que um garoto meio estranho ao ambiente em que vive, recebe a visita de um desconhecido que lhe revela um segredo sobre sua origem incomum.
Não que isso deprecie a obra. Principalmente porque percebe-se uma evolução na narrativa de Rick Riordan e na maneira como constrói os personagens. O protagonista é um ótimo exemplo disso. Com sarcasmo à flor da pele e comentários afiados, consegue pontuar situações complicadas com ótimas sacadas – que dão ao leitor aquele alívio necessário durante a leitura. Já no início do livro, percebe-se o tom jocoso e irônico com que a história será contada:
“Meu nome é Magnus Chase. Tenho dezesseis anos. Esta é a história de como minha vida seguiu ladeira abaixo depois que eu morri.”
(p.11)
A construção do personagem de Magnus Chase é interessante. Ele tem um humor sarcástico impagável. E, mesmo nas situações mais difíceis ele faz os melhores comentários. O que acontece com ele logo no início do livro acaba sendo uma grande surpresa para, além disso, fica claro ser completamente necessário para o desenrolar da história. É perceptível o amadurecimento de Magnus do primeiro ao último capítulo.
Os demais personagens – principalmente os amigos de Magnus: Hearth, Sam e Blitz – também são bem estruturados. Nenhum deles é dispensável, todos desempenham um papel na narrativa, constituindo um grupo bastante coeso. Uma clássica “turminha da pesada, vivendo altas aventuras”.
Saem Zeus, Hades, Cronos e o Olimpo. Entram em cena Loki, Thor e Asgard. Neste livro, o autor migra da mitologia greco-romana para a nórdica. Com a mesma desenvoltura, dá uma aula aos leigos no assunto, conseguindo agradar também aos que já conhecem um pouco da cultura viking. E, como sempre recheando o texto com referências pop, de Silent Bob a Taylor Swift.
Assim como seus livros anteriores, a escrita de Riordan é fluida, exceto por uma ou outra “barriga” no texto, mas nada que estrague a leitura. A narrativa é dinâmica, mas não em excesso, o suficiente para manter o leitor engajado na trama e conectado aos personagens.
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Texto de autoria de Cristine Tellier.