No início dos anos 1990, os fliperamas estavam em tempos gloriosos, especialmente no Japão. Em meio a grandes jogos, tínhamos o aclamado Street Fighter II, que também fez muito sucesso por aqui. Haruo é um jovem estudante japonês, e seus esforços nos estudos são inversamente proporcionais ao seu vício em Street Fighter II. E o moleque é muito bom no jogo. Seu recorde de vitórias seguidas é imbatível, suas pontuações idem. Ninguém consegue vencê-lo… até que a misteriosa e calada Akira Ono cruza seu caminho e destrói o imbatível Guile com o subestimado Zangief.
O garoto fica com sua autoestima em frangalhos e, no auge de sua maturidade infanto-juvenil, decide treinar feito um louco para melhorar suas habilidades no jogo e retomar o posto de número 1. Aos poucos, o jovem Haruo cria laços com Akira e daí surge uma amizade um tanto diferente. O uso deste adjetivo é imperioso, visto que Akira não fala nada, absolutamente nada. Ela se comunica com poucos gestos ou leves grunhidos tímidos (e de vez em quando com porradas homéricas).
O anime faz um trabalho belíssimo de retratar a história dos jogos em paralelo à trama leve de relacionamento entre jovens. Os jogos são mostrados a todo instante, e aqui o anime brilha. Todos os momentos empolgantes das lutas são trazidos à tela, e não com cenas aleatórias do jogo. O que é narrado acontece ali, visualmente, e isso é sensacional. Quem gosta dos videogames da década de 1990 vai se deleitar com os grandes clássicos sendo tratados com tanto carinho pelo protagonista, que fala deles de uma forma apaixonada e até fanática.
Ao longo dos episódios, o tempo passa em alguns anos, e junto com ele os novos jogos vão aparecendo. Haruo acompanha todos eles e continua indo mal na escola. Por mais que ele seja um jovem chato e irritante, haverá uma garota muito bonita interessada nele, Koharu Hidaka, e que demonstra uma habilidade natural em jogos de luta, mesmo que, antes de conhecer o protagonista, nunca tenha demonstrado interesse por esse tipo de entretenimento.
É preciso deixar claro que o elemento que mais chama a atenção em Hi Score Girl são os jogos. E provavelmente será o ponto de interesse no espectador mais velho. Mesmo assim, a trama simples é bem desenvolvida, e por diversos momentos há doses de sensibilidade, demonstrando uma boa maturidade narrativa. Não consigo imaginar esta obra no mangá original, pois ela é extremamente audiovisual por conta dos jogos retratados. No geral, o anime é satisfatório e muito bem executado dentro de sua proposta. Vale destacar a dublagem brasileira com ótimas atuações de voz e boas adaptações na tradução.
https://www.youtube.com/watch?v=wew9zHCJYyI