Em A Cura (A Cure for Wellness), Gore Verbinski volta ao terror depois de marcar o gênero com O Chamado, mas dessa vez tendo um resultado sem grandes méritos. Dane DeHaan protagoniza o filme como Lockhart, um jovem empresário que precisa urgentemente buscar seu CEO em um centro de cura, mas no local descobre que essa espécie de tratamento não é o que parece e tenta desvendar os segredos que parecem estar impregnados nas pessoas e nas paredes do hospital.
A Cura logo em seus primeiros minutos passa uma impressão visual quase “Kubrickiana”, com planos metricamente construídos e uma iluminação e direção de arte bastante opacos, isso é um deleite para os olhos até o fim da segunda parte do longa, é de fato um trabalho estético inspirado e que claramente bebeu de várias fontes, mas já dizia minha professora de fotografia: plano bonito não é nada sem uma boa história, é só um plano bonito.
O roteiro do longa, trabalho de Justin Haythe, é construído de forma paciente, mas não parece ter consciência do caminho que todas as pistas presentes nos diálogos e situações irão levar, pois enquanto o primeiro e o segundo ato apostam em simbolismos e construção de mistério, o último desanda em superexposições, explicações verbalizadas de maneira que beira o ridículo e situações desnecessárias. Isso, consequentemente, reflete no filme sem grande esforço aparente de Verbinski para um maior cuidado com a narrativa, já que o filme fecha com duas horas e meia de muita enrolação, falta de ritmo e subestimando a inteligência do seu público.
O arco do personagem de Dehaan é instável e diversas vezes é esnobado pelo próprio filme, que está mais preocupado, como eu disse, no visual. É uma crescente de cenas sem significado que mexem com todos os clichês do gênero, depois de uma cena envolvendo insetos, você vai para uma cena envolvendo corredores escuros e assim por diante, sem propósito. O diretor parece estar num vício pelo gráfico em A Cura, o desejo constante de criar cenas esteticamente impecáveis, mas assim como seu filme esquece que está contando uma história, e ser traído pela própria imagem, no cinema, soa como um problema grave.
O filme é diversas vezes tedioso e órfão de personagens relacionáveis, está longe de assustar, chocar ou divertir e tem um enredo que deseja ser maior do que realmente é, resultando num final deveras vergonhoso e apressado. Verbinski vem em uma sucessão de erros e precisa relembrar que ás vezes o menos é mais, ele sabe como fazer, O Chamado tá aí pra provar.
–
Texto de autoria de Felipe Freitas.