Após Watchmen, Zack Snyder se refugiou em uma animação, baseada no romance de Kathryn Lasky, A Lenda dos Guardiões é a chance do realizador em fazer penas de corujinhas caírem no seu ritmo conhecido, regado a muito slow motion.
Desde 300, Snyder demonstra um enorme esmero com o visual e fotografia em seus filmes, e este não é diferente. O contraste entre as inúmeras espécies e subespécies de aves, suas cores, seu visual de asas abertas é algo estonteantemente belo.
Apesar da maioria da filmografia do diretor ser de qualidade discutível, seus filmes ainda eram um bom entretenimento, conseguiam prender a atenção do individuo desatento, que pouco se importa com coesão ou de baixa expectativa em relação a consumir uma história bem construída. Era um entretenimento minimamente divertido, totalmente diferente desse Legend of the Guardians. O roteiro não é mal feito, mas a animação não distrai, não faz rir e não emociona. O alívio cômico só aparece depois de decorrido mais de um terço da trama, e ainda assim é não é nada demais. A trajetória dos aventureiros até encontrar os seus heróis é muito curta, falta perigos reais em sua jornada, os personagens são insossos e nada carismáticos, não há como se importar com o destino deles. As virtudes e auxílios se aproximam muito facilmente do grupo de alados.
Ao menos, é passada uma mensagem muito boa, através do mentor do protagonista. Soren, a coruja dublada por Jim Sturges (do também “excelente” Cloud Atlas), ouve do seu herói idealizado, que um guerreiro não recebe louros após as batalhas, o que perdura e marca suas vidas são as cicatrizes, contudo, o importante é ter o foco em fazer o que é correto.
As batalhas em câmera lenta entre corujas vestindo armaduras e armas brancas contra morcegos devem ser interessantes em algum lugar mas não aqui, torna-se ainda mais difícil se importar com o destino dos passarinhos, principalmente por causa do protagonista Loren – uma ave que só faz chorar, que é insegura e extremamente chata. A tentativa em tornar o herói em um ser mais humano esbarra no fato básico dele ser um animal. Falha miseravelmente no quesito, e torna todo esse drama deveras maçante.
Os efeitos especiais não deixam a desejar, e infelizmente mal dá para analisar o estrelado – Geoffrey Rush, Helen Mirren, Hugo Weaving, Sam Neill – que estão no automático e quase não são acionados. A Lenda dos Guardiões é fraco e tem dificuldade em descobrir qual é o seu público.
Esse texto só confirma que acertei em não assistir a essa coisa. Valeu, cara!