Proposta que mistura documentário e ficção cinematográfica, A Morte de J. P. Cuenca explora uma história curiosa, baseada na vivência do personagem-título que estrela o filme, além de dirigi-lo e e roteirizá-lo. Tudo começa com uma investigação, após a morte de um homem que portava os documentos do protagonista, o que o fez ficar curioso e embasbacado com a situação mórbida.
A partir deste fiapo de fato, começa uma odisseia rumo a tal verdade. O repertório de escritor de romances ajuda Cuenca a montar personagens periféricos – certamente o maior acerto de todo o seu longa de estreia no cinema – uma vez que são pessoas caricatas, extremamente engraçadas e bem conduzidas do ponto de vista dramatúrgico. As situações cômicas tomam o espectador pelas mãos, não permitindo a eles ficar incólume diante da grave comicidade que o assola.
A primeira metade do filme é espirituosa e muitíssimo curiosa, especialmente por representar em tela uma forma de apatia poucas vezes explorada, dando ares tragicômicos para o estado depressivo e livrando o herói de torná-lo algo simplesmente digno de pena. No começo, J.P. é o que mais se aproxima de um ser humano normal, mas, ao investir na busca pelos fatos, ele mesmo cede à atmosfera insana que o cerca, chegando até a assustar boa parte dos que o cercam.
O desfecho não consegue manter o mesmo ritmo e fôlego do começo se perdendo em sequências experimentais que evocam sexualidade e extrema beleza mas que não alcançam o público como os atos anteriores. O espírito é quebrado para se tornar algo diametralmente oposto, e não há uma preparação mínima para tal situação. O resultado final infelizmente decai muito, causando até enfado em quem termina de assistir a A Morte de J. P. Cuenca.