Baseado no enorme carisma de sua protagonista, Grandma é uma comédia de situação, que tenciona atingir temas complicados sob uma ótica simples, bela e normativa. A história gira em torno da senhora desbocada e misantrópica Elle Reid, vivida pela inspirada Lily Tomlin, que acaba de terminar uma relação de quatro meses com sua namorada Olivia (Judy Greer) e que percebe já nos primeiros minutos, um novo chamado à aventura.
O estilo de vida adotado recentemente pela matriarca a impede de ajudar sua neta Sage (Julia Garner), que ainda muito nova se vê grávida e com vontade de executar um aborto longe dos olhos opressores de sua mãe. A partir dali, começa uma odisseia de vó e neta, em busca dos pouco mais de 600 dólares para executar a tal operação.
A direção de Paul Weitz não ousa muito, apesar de ser este um filme muito mais redondo que a sua filmografia mais antiga. Ainda assim, grande parte das piadas de American Pie: A Primeira Vez é Inesquecível, O Céu Pode Esperar e até Tudo Pela Fama, claro, muito mais amadurecido que o primeiro citado, mérito do redondo e comum roteiro também assinado pelo diretor.
Apesar não apresentar qualquer ineditismo nos eventos mostrados, as tiradas, diálogos e discussões acoloradas executados por Elle são hilários ao extremo, compensando qualquer redundância de Grandma com as atuais comédias lançadas em circuitos. O filme é um presente para Lily Tomlin, uma grande atriz que, graças a um preconceito bobo de Hollywood, não consegue muitos papéis, e o principal aspecto a que uma comédia exige, o longa tem, pois sobram alma e vivacidade no drama.
O filme trata de assuntos como envelhecimento, mágoas do passado e os fantasmas que insistem em visitar os homens, especialmente nas situações em que o sujeito está encurralado. O término do filme já era esperado, mas o modo como é conduzida a unidade familiar compensa qualquer repetitividade com uma química impressionante, entre Garner, Tomlin e Marcia Gay Harden (Judy, a mãe de Sage), o que proporciona uma simpatia ainda maior pelos personagens, que já eram bastante interessantes em suas personificações.
Grandma não é uma comédia imperdível, mas ainda assim apresenta muito mais substância mesmo nas pequenas participações especiais entre as cenas/esquetes. A direção quadrada serve até em seus defeitos para fortificar o principal adjetivo positivo, que é a brilhante apresentação de Lily Tomlin, o que faz lamentar profundamente o modo como a indústria a sub-aproveita, aspecto comum a tantos outros antigos astros.