Produção espanhola do gênero ficção cientifica, Eva: Um Novo Começo começa em planícies geladas, mostrando uma mulher em apuros, e logo depois uma menina de roupas vermelhas corre até uma casa, para pedir ajuda. A menina é Eva, personagem de Claudia Vega, e desmaia logo depois de ser atendida por Alex Garel, de Daniel Brühl com quem a menina já tem alguma intimidade.
A aura de mistério corre toda a trama do filme de estréia de diretor catalão Kike Maíllo. Os créditos iniciais se dão inclusive com imagens belíssimas, que mostram a confecção de algo que aparenta um aspecto semelhante aos símbolos do genoma humano. Até certo ponto da trama, o mundo parece igual ao normal de seu ano de lançamento (2011), exceto quando um personagem é introduzido, chegando até o cenário onde a trama ocorre, acompanhado de um gato mecânico. Aqui, os “animais domésticos” são eletrônicos, e supostamente, não tem liberdade de pensamento.
Maíllo tem um modo todo seu de dirigir, consegue imprimir emoção e razão em medidas econômicas, é bem comedido ao tratar de questões melodramáticas, além disso, ele usa o artifício de brincar com sua linha temporal, Eva e Alex são vistos juntos, conversando, e o homem, que é engenheiro cibernético mostra a ela sua pesquisa e trabalho, apresentando o protótipo de menino robô que possui até gênio e caráter diferentes dos outros mecânicos mais simples. É estranho, pois esse experimento corre em paralelo com um robô de vontade própria, que supostamente já teria sido construído e já teria inclusive aparecido em público, mas a identidade dele é misteriosa.
Há toda uma trama emocional, que envolve inconfidências conjugais e enlaces amorosos, motivos e emoções que fazem os personagens de carne e osso se confundirem, se deixando enganar pelos seus sentimentos, julgando mal boa parte dos estudos que fizeram a humanidade chegar até esse ponto em 2041, além de inebriar os sentidos de lógica e razão pura e simples.
Os momentos finais são carregados de uma discussão pesada e profunda, sobre o acaso e sobre a mania humana de tentar superar seu criador, basicamente tentando replicar o mesmo sentido de criação de algo novo e complexo, como é a vida humana. Alex é um sujeito de moral nada duvidosa, é um homem capaz de fazer muito e que tem algumas carências, e no final da historia, se vê apelando para um estratagema egoísta e até compreensível em algum nível, mas que não deixa de ferir a ética da natureza de seu trabalho e pesquisa.