Mistura de deslumbre visual com explicação histórica estilosa, Francofonia é o novo capitulo semi documental da filmografia do clássico diretor russo Aleksandr Sokurov, o mesmo do recente ( e interessantíssimo) Fausto. A diferença básica entre este e o anterior filme citado, é a tonalidade em abordar a temática de análise artística.
Apesar da curta duração – até por causa de sua premissa – o longa-metragem apresenta uma estética cansativa, que mistura pequenas partes dramatizadas, e uma narração enfadonha, que demonstra os fatos históricos tão conhecidos, a respeito especialmente da Segunda Guerra Mundial e da participação da antiga União Soviética no certame.
A gravidade ocorre na sucessão de informações, que passam longe de primar pelo ineditismo, o que não seria um grave problema, caso não fosse claro uma fita de Sokurov. Os pedaços encenados começam interessantes, engraçados e criativos, mas passam a ser tediosos pelo conteúdo repetitivo, que faz pensar o motivo do bom realizador em apelar tanto para a redundância, o que faz o espectador mais acostumado a sua filmografia se perguntar se não seria essa uma desculpa para ser panfletário em sua fita.
Contudo, é óbvio que os fatos explicitados são importantes, bem como a valorização das artes mostradas. A ode ao Museu do Louvre e aos grandes epicentros artísticos mundiais, com um texto poético, centrado e muito belo a respeito da morada de tantos espécimes valiosíssimos para a historiografia dos feitos humanos. No entanto, até os pouco menos de noventa minutos de duração, mais parecem uma luxuosa aula de História da Arte, com slides mostrados em tela do que uma proposta fílmica, que talvez simbolize mais uma vertente de documentar cinema, certamente pouco afeito a parcela de espectadores mais populares.