Free to Play tem como pano de fundo um grande campeonato do jogo Dota 2, onde o time campeão ganharia um singelo prêmio de um milhão de dólares, além de outros 600 mil dólares a outras colocações. Para quem não levava o e-Sport a sério, esse campeonato chamou a atenção. “Um milhão de dólares pra um bando de nerds jogadores de videogame? Que absurdo é esse?”
O nome deste filme é bem interessante, pois traz uma ambiguidade de significado: “free to play” é a denominação que o Steam atribuiu a seus jogos gratuitos, cujo catálogo se estende cada vez mais (Team Fortress 2, Alien Swarm, War Thunder e o próprio Dota 2, só para citar alguns exemplos). Por outro lado, seria possível interpretar ao pé-da-letra, “livre para jogar”, que define muito bem o espírito dos jogadores mostrados no documentário.
É importante dizer o e-Sport não se resume ao Dota 2. Há diversos gêneros nas competições, desde o jogo de luta Street Fighter IV até o estratégico Starcraft. Quem assiste às competições já conhece diversos nomes, tal como os fãs de futebol conhecem a escalação completa dos times. Este é mais um elemento semelhante aos esportes “comuns”.
À primeira vista, Free to Play parece simplesmente uma grande propaganda do Dota 2, ou mesmo um documentário voltado aos jogadores deste MOBA. Eis aí o grande trunfo do filme: não há um grande foco do jogo. O ponto central é mostrar a trajetória daqueles jovens adultos rumo ao grande prêmio. Considerando o valor da premiação, qual o nível esperado dos competidores?
Sim, os melhores do mundo.
Para quem jogou qualquer coisa online, com certeza já sentiu um gostinho do nível de habilidade de algumas pessoas. Você já deve ter sido espancado no Street Fighter, humilhado no Call of Duty ou pulverizado no Warcraft. Agora, pense numa galera que se dedica REALMENTE ao jogo, que treina madrugada adentro, todos os dias, inúmeras horas por semana. O nível é profissional, tal como um atleta de MMA que sofre em treinamentos pesados e dietas rigorosas. Apesar de parecer uma mera diversão hardcore, não é bem assim. A pressão é enorme, e por diversas vezes os competidores beiram o desespero, vendo todo seu esforço caindo por terra. É isso que o filme consegue mostrar tão bem, de uma forma compreensível mesmo àqueles que não são gamers ou sequer jogaram Dota 2.
O grande mérito do filme é conseguir mostrar que os profissionais do e-Sport também se dedicam e passam por dificuldades. Pouquíssimos conseguem viver apenas disso, precisando manter um trabalho paralelo ou, dependendo do caso, sustentados pelos pais. De qualquer forma, é um documentário recomendado para todos os públicos, mais até que o Indie Game: The Movie. Se você é gamer, vai gostar. Se você joga Dota 2, assista imediatamente.
Você poderá baixar o filme gratuitamente no Steam (com direito a extras), ou assistir no YouTube, sendo que ambas as opções possuem legendas em português. Os respectivos links estão no site oficial do filme.
“sustentados pelos pais”
Tá explicado.