No ano de 2013, chegaram ao cinema duas produções que colocavam a Casa Branca nas mãos de terroristas: O Ataque, filme de Roland Emmerich estrelado por Channing Tatum e Jamie Foxx e Invasão à Casa Branca, estrelado por Gerard Butler, Aaron Eckhart e Morgan Freeman. O filme do alemão Emmerich possuía um tom mais descontraído, dando uma certa margem ao humor em alguns diálogos entre os protagonistas. Já Invasão possuía um tom bem mais dark, cedendo apenas a alguns comentários sarcásticos do protagonista. Como foi um relativo sucesso de bilheteria, Invasão à Casa Branca ganhou uma sequência, este Invasão à Londres, cujo tom curiosamente se aproximou ao do seu “concorrente” .
A trama de Invasão à Londres obviamente se passa na capital inglesa. Durante o funeral do premiê britânico, um ataque coordenado na cidade elimina os presidentes de diversas potências mundiais, além de destruir vários locais turísticos de lá. Entretanto, graças à astúcia (quase clarividência) do super agente encarnado por Gerard Butler, o presidente americano consegue escapar do ataque orquestrado por um líder terrorista que ele achava ter eliminado há algum tempo antes. Agora, o oficial do Serviço Secreto e o comandante-em-chefe ianque precisam sobreviver à implacável perseguição da organização terrorista enquanto tentam desmantelá-la no percurso.
O roteiro do filme é bem simples e direto, sem grandes malabarismos. Há uma reviravolta no final que é telegrafada com bastante antecedência, o que a torna totalmente previsível. Há de se denotar o alto grau de xenofobia encrustado no argumento. Os americanos são superinteligentes e extremamente competentes, com seu presidente sendo um impávido colosso de reserva moral. Em compensação, retratam o presidente italiano como um adúltero que seduziu a assessora, o japonês como um robô metódico, o francês como um esnobe e por aí vai. Imagino como retratariam um presidente (ou presidente em exercício) brasileiro. O diretor Babak Najafi é bastante burocrático ao filmar a maioria das cenas de ação, mas mostra brilhantismo ao filmar um plano-sequência quase ao final do filme. A sequência é longa e muitíssimo bem coordenada. Ficou sensacional.
Gerard Butler e Aaron Eckhart se esforçam e defendem com competência seus papéis. Os dons dramáticos dos dois em nenhum momento são colocados à prova, o que faz com que eles usem muito mais carisma do que propriamente conhecimentos dramatúrgicos. De forma alguma isso é demérito para os atores. O que complica é que o resto do elenco parece que está ali só pra pegar o cachê e pagar umas contas atrasadas. Os vilões são o esterótipo do habitante do oriente médio e os seus intérpretes nada fazem para diferenciá-los dos inúmeros outros que vieram antes deles. Em certos momentos, despertam até indiferença no espectador. Até Morgan Freeman está mal como o vice-presidente americano. Porém, nada se compara à bizarra presença da oscarizada Melissa Leo. A atriz deve ter 5 falas no máximo e no resto do tempo se restringe a fazer uma pouco crível cara de assustada.
Infelizmente, Invasão à Londres é uma película pobre que não chega a se aproximar do original que se passava na Casa Branca. E olha que o filme nem era essa maravilha toda, era somente uma boa diversão. Esse aqui nem isso é. Talvez valha como estudo antropológico sobre como é torta a visão que os americanos tem sobre o mundo e seus habitantes.