Os Infiéis (Les infidèles) é uma comédia francesa que foi um sucesso de bilheteria em seu país de origem, além disso, traz em seu elenco Jean Dujardin, ganhador do Oscar de melhor ator em O Artista, por fim, o filme ainda foi rodeado de polêmicas, tendo inclusive seus cartazes retirados de circulação devido as imagens de conotação sexual envolvida. Talvez por esses fatores, fique mais fácil entender o motivo da chegada do longa-metragem não só em salas de cinema de Arte, mas algumas poucas do grande circuito nacional.
Seguindo um formato narrativo fora do tradicional, Os Infiéis traz uma antologia de contos, alguns deles funcionam apenas como esquetes rápidas, mas todos com o objetivo de discutir os dilemas da figura do homem moderno, mais precisamente sobre a fidelidade e o papel do “homem” na sociedade atual, tudo isso com o cinismo habitual das comédias francesas. O longa é uma grande sátira aos conceitos tidos como verdades absolutas, o que poucas pessoas parecem ter percebido, e no meio disso tudo, ainda consegue espaço para surpreender o espectador em bons momentos.
Jean Dujardin além de atuar, foi o grande idealizador do projeto, sua assinatura está na produção, roteiro e direção, além de contar com o auxílio de Gilles Lellouche em todas as áreas, exceto produção. Dujardin tem a companhia de um grande grupo para fazer o filme acontecer, entre os cineastas que participam da obra estão o vencedor do Oscar Michel Hazanavicius (O Artista), Emmanuelle Bercot, Fred Cavayé, Alexandre Courtès, Jan Kounen e Eric Lartigau, além dos já mencionados, Dujardin Lellouche, que também dirigem alguns dos episódios do longa.
Como todo longa-metragem que possui vários segmentos, Os Infiéis acaba se tornando uma obra desigual, com bons e maus momentos, mas ainda assim é sincero no que se propõe, e evita o uso de moralismo barato, a hipocrisia do cotidiano que muitos parecem se apoiar, e o puritanismo sexual que parece ter dominado o mundo. A todo momento somos bombardeados com situações satíricas, algumas engraçadas, outras nem tanto, mas sempre com muita sexualidade, erotismo, e uma ferocidade latente na abordagem dos temas discutidos em cada episódio.
Dujardin e Lellouche atuam em vários episódios do longa, sempre com muito carisma ao interpretar uma série de personagens propositadamente estereotipados. E neste emaranhado de histórias e personagens, algumas se destacam mais que as outras. Impossível não destacar algumas delas como o episódio “Lolita”, onde o personagem de Lellouche percebe todo o erro que cometeu ao retornar para casa e também em “A Questão”, episódio que dá voz feminina ao longa, com um excelente trabalho de atuação de Dujardin e Alexandra Lamy.
Aos puritanos de plantão, revejam seus conceitos, o filme pode ser uma experiência recompensadora. Aos demais, assistam sem medo, Os Infiéis é um filme irregular, mas que ainda assim não tem medo de errar.
É como eu disse depois de assistir “O Artista”, Jean Dujardin deveria ser proibido ser em cores. O cabra tinha que ficar preto e branco pra sempre.
Você acha, Pablo?
Eu estava tão curioso em ver alguma coisa dele depois de “O Artista”.
pffff, sou a favor do Dujardin no filme que ele quiser
Não deixe de ver “Infiéis” então, Isa. Muitas surpresas… hahaha