Julia Murat é uma diretora de filmes bem tocantes. Historias Que Só Existem Quando Lembradas é conhecido por sua ternura e é nessa espírito que vem a luz Pendular, um longa ficcional focado em um jovem casal que se muda para um grande galpão industrial abandonado. Os personagens, nominados como Ele e Ela são vividos por Rodrigo Bolzan e Raquel Karro e aos poucos, é mostrada a historia de amor e cumplicidade dos dois.
O tal galpão é dividido por uma linha adesiva laranja, de um lado o homem faz seu ateliê de arte e do a garota usa para praticar seus números de dança. Na prática, o local serve de palco para a vida, pois ali eles liberam seus impulsos primitivos, se exercitam fisicamente jogando uma pelada que faz acontecer os jogos com ambos os sexos, além de haver ali também um sem numero de vezes que eles transam. O lugar transpira humanidade e o primitivismo típico do comportamento humano.
Ao mesmo tempo em que o roteiro não é verborrágico, ele fala demais. É conceitual na essência da palavra, mas sem soar piegas ou hiper pretensioso. Ser um filme naturalista nos últimos tempos pode soar negativo, dado que o formato é utilizado a exaustão no cinema alternativo brasileiro, mas aqui ele cabe perfeitamente, mesmo que o elenco seja formado por atores mais experimentados
As cenas de sexo são reais e intimas demais, não são exacerbadamente erotizadas. Murat consegue passar como funciona a transa de idéias e fluídos entre duas pessoas que não são exatamente bem resolvidas, e que fazem de suas próprias existências um experimentalismo puro e simples.
A duração do filme faz ele perder um pouco de força, são 120 minutos e em alguns momentos se nota uma barriga. Mas apesar disso, Pendular é potente demais ao mostrar a intimidade humana e como funciona a mente do ser humano, normalmente dependendo do outro para ter alguma reciprocidade sentimental, mas ao sendo exatamente necessário para viver ter alguém do lado, além de mostrar os recônditos da alma humana de modo muito visceral e orgásmico.