Existem ocasiões em que é melhor deixar as lições de moral, as críticas sociais e as grandes mensagens de lado. Ao contrário do que muita gente diz por aí, eu acredito no entretenimento por entretenimento e não vejo problema em “desligar o cérebro” para curtir um game, quadrinho ou um filme meio sem noção. Alguns diretores de cinema tem esse “cinema pipocão” como sua marca registrada e, mesmo quando adaptam obras bastante profundas, acabam não se importando com o conteúdo e capricham mesmo é na forma. É o caso, na minha opinião, de Michael Bay e do diretor encarregado do filme de hoje: Zack Snyder.
Sucker Punch – Mundo Surreal é a primeira obra original de Snyder. O roteiro, a produção e a direção ficaram nas mãos dele e, justamente porque é um dos maiores exemplos recentes do “cinema pipocão” (superado apenas pelo, dizem, FANTÁSTICO Velozes e Furiosos 6) não foi muito bem aceito pela crítica. Não sou crítico, não entendo nada de cinema mas gosto bastante da sétima arte e afirmo, em caixa alta e negrito: SUCKER PUNCH É ANIMAL!
A história acompanha uma jovem de cabelos loiros que, após a morte da mãe, é internada pelo padastro em uma instituição psiquiátrica para ser lobotomizada e não interferir nos planos do homem de ficar com toda a herança deixada pela falecida. Apelidada pelos responsáveis do sanatório de Babydoll, a jovem alia-se a outras 4 internas em um plano para escapar do manicômio antes que o responsável pela operação de Babydoll chegue de viagem.
Qualquer história, até mesmo essa, possui capacidades infinitas contidas em si. Um diretor mais preocupado com transmitir uma mensagem poderia fazer dezenas de críticas e conduzir até mesmo este roteiro de forma reflexiva e encorpada. A habilidade que Snyder tem de se esquivar de tudo o que poderia fazer deste filme menos vazio, entretanto, é bastante impressionante. Confesso que, se ele buscasse qualquer coisa mais profunda, eu ficaria bastante decepcionado. Os trailers e os cartazes de Sucker Punch são extremamente honestos quanto à proposta do filme: Uma aventura fetichista e lisérgica, incoerente e bastante pirotécnica. Era isso que eu esperava, mas até mesmo eu fiquei boquiaberto com a maluquice que é esse filme.
A história, na verdade, não passa de uma aventura mental de Babydoll, que substitui sua realidade triste por uma aventura muito mais emocionante. Em sua cabeça, Babydoll substitui o sanatório comandado pelo corrupto agente penitenciário por uma espécie de bordel com garotas escravas e gostosas que se prostituem para clientes ricos e as pessoas mais poderosas da cidade. Em sua realidade paralela, Babydoll possui uma habilidade incomparável para “dançar” (entenda como quiser) que faz com que todos à sua volta fiquem “hipnotizados” (entenda como quiser de novo) e permite que as amigas da loirinha consigam os objetos necessários para implementar a tão desejada fuga: Um mapa, um esqueiro, uma faca e uma chave. Quando começa a “dançar” (essas aspas estão ficando chatas…), Babydoll transporta as amigas e ela mesma para uma nova realidade paralela dentro da realidade paralela (qualquer semelhança com A Origem não é mera coincidência) onde elas precisam enfrentar os “monstros” que protegem os artefatos necessários para a fuga.
As sequências de ação acontecem todas durante o enfrentamento das garotas e desses “guardiões” dos objetos que estão, de alguma forma, ligados aos artefatos em questão. Assim, as meninas enfrentam soldados nazistas mortos-vivos para recuperar o “mapa de um bunker alemão”, um dragão gigantesco para roubar a “pedra de fogo”, robôs humanoides em um trem futurista para “desarmar uma bomba” e roubá-la, e desafiam o cafetão do bordel para finalmente imprimir a tão esperada fuga. Todas essas sequências de ação são filmadas em mundos com estéticas bem diferentes entre si e tem elementos “massavéisticos” transbordando na tela que vão desde espadas, metralhadoras e um avião de guerra até robôs gigantes e seres mitológicos como orcs e dragões. Tudo isso interpretado por jovens gostosíssimas talentosas em trajes maravilhosos minúsculos. Como não poderia faltar em um filme de Zack Snyder, a câmera lenta aparece em todas as “missões”, geralmente quando uma das gostosas garotas salta ou desvia de um golpe inimigo.
A trilha sonora é composta por versões de músicas famosas e é bem aproveitada nas sequências de ação do filme. No geral, as músicas ajudam a embalar as violentas batalhas de Babydoll, Sweat Pea, Blondie, Rocket e Amber contra os seres imaginários da cabeça doentia do Snyder. Computação gráfica que não atrapalha mas também não impressiona demais fecha a conta deste que foi um dos filmes mais doentios e confusos que eu já vi. É impossível afirmar de onde Snyder tirou toda essa maluquice, mas obviamente Christopher Nolan e seu inteligentíssimo A Origem tem uma parcela de culpa. A estrutura que Snyder utiliza em seu roteiro lembrou-me, em partes, a forma como o personagem Pi conta sua aventura no filme de Ang Lee. Quando a realidade é tão sem graça que não interessa a ninguém, nega-se a realidade…
Como falei no início, o filme não é inteligente, não é reflexivo e muito menos profundo. Na minha opinião, é um filme muito bonito, com uma fotografia caprichada e puramente visual. Não era o intuito do Snyder trazer nenhum tipo de mensagem, como eu também acredito que não era a ideia dele quando dirigiu 300 ou Watchmen. Snyder e Bay são dois diretores que, quando trazem algum tipo de profundidade em seus filmes, o fazem de maneira totalmente inconsciente…
Sucker Punch foi um fracasso no cinema, mas pra mim é um ótimo filme “snyderiano”. Ninguém fala bem do filme por aí, mas acho que o diretor poderia salvar essa página do Vortex nos favoritos do Internet Explorer dele para mostrar pra família que pelo menos uma pessoa gostou do filme. Entretenimento por entretenimento: Tamo junto, Snyder!
Gosto do filme, e infelizmente tenho que concordar com o NICHOLAS AOSHI…. (também e meu filme preferido do Snyder. rsrs)
Seu comentário é tão surreal quanto este filme.
Esse filme é pau duro e saco explodindo, devido ao esforço.
Eu não lembro de nenhum outro filme que reúna gostosas com trajes sumários e tanto moralismo!
Tenho uma teoria sobre esse filme.
Primeiro ao contrário do pessoal daqui acho o remake da Madrugada dos Mortos muito bom e curto o 300 também. Watchmen é zuado, reconheço, mas ver certas cenas do clássico se mexendo muito bacana.
Enfim, Sucker Punch pra mim é o agradecimento do Snyder aos nerds punheteiros que lotaram as salas de cinema em seus filmes anteriores. Ele cria uma história cheia de explosões e gostosas só pra dizer: valeu, caras por me fazer ir do nada a alguma coisa.
Mas todo mundo elogiou o remake de Madrugada dos Mortos. Eu, Mario e Carlos falamos até que era o melhor filme do Snyder.
Acho que 300 é o melhor filme do Snyder.
Sucker Punch vem logo atrás seguido de Watchmen (que eu gostei também…).
Não gosto muito do resto não…
Repare que eu não disse que acho 300, SP ou Watchmen bom… Eu disse que eu gosto…
Bom, de verdade, não tem nenhum né?? Vamo combinar…
Meu problema com o Madrugada dos Mortos e:
1º Acho o original o melhor filme de zumbi já feito!
2º No remake quando o grupo de “herois” tomam o shoping o filme se torna chatissimo, eu consigo odiar todos, todos, TODOS! Menos o Negão mothafocker do Ving Rhames, inclusive o ponto onde minhas tentativas de rever o filme sempre falham, e exatamente na hora que ele desiste de ir atrás do irmão, pow… e muito frustante ele deixa esse assunto pra lá, triste, E fico imaginado que o irmão dele seja tão mothafocker feito ele….
4 ESTRELAS? TÁ DE SACANAGEM???
Hahahahahah 4 estrelas hahahahahah
Parabéns, Aoshi. Serião mesmo. Ótimo texto, muito bem defendida a questão do ENTRETENIMENTO, e num filme que nem mesmo EU consegui embarcar nessa.
Ah, e essa Abbie Cornish é um absurdo mesmo, parece que fundiram Charlize Theron e Nicole Kidman e deram uma turbinada na skill “gostosura”. É a melhor do filme mesmo, embora eu tenha uma inexplicável tara pela Vanessa Hudgens, que chega a ser algo SELVAGEM…
Eu ia dar 3, como vc fez no Velozes 6, mas o meu tem a Abbie Cornish…
Ela, sozinha, adiciona mais uma estrela, ou tu não concorda??
Sou o crítico mais coerente deste site, rapaz!
😉
A Abbie Cornish é a viúva do Alex Murphy ,vulgo Robocop, na nova versão do Robocop dirigida pelo José Padilha.
Ótimo texto e parabéns pelo bom gosto com as fotos.
Já coloquei o post de review do novo Robocop nos rascunhos, já tem 2 parágrafos de como ela ficou gostosa e manda bem nesse filme, e ele já tem 1 estrelinha garantida…
Obrigado pela informação… Tinha passado pela minha cabeça não ir assistir esse filme… 🙂
Eu que agradeço por você responder meu comentário e quero dizer que vocês tem um dos melhores e mais engraçados podcast sobre cinema.Tão engraçado quanto o podcast do pessoal do Melhores do Mundo. Então parabéns para você e toda a equipe do Vortex Cultural.
Gente, será que só eu percebi que a história corre a partir da perspectiva da Sweet pea?
A história da Babydoll acabou nos primeiros dez minutos do filme, depois daquilo tudo não passa de um flash back a partir da perspectiva da mente louca da sweet pea. Babydoll não imaginou tudo aquilo! Por isso quando mostram a realidade do Bordel a história continua da parte em que Sweet Pea conhece a Babydoll.
PS: Só comentei agora por que fui olhar esse filme a poucos dias e entrei aqui pra descobrir o nome da Abbie Cornish…