Dirigido por Renné França, Terra e Luz mantém seus momentos iniciais com a mesmíssima tensão, mostrando uma paisagem comum utilizando uma fotografia que destaca os tons amarelados. O início é praticamente mudo, exceto por um grito de horror que vem de uma misteriosa casa e a câmera faz questão de não ir até lá para aumentar o terror, sem explicitar exatamente o que ocorreu a pessoa que gritou.
Dois homens são mostrados e seus métodos são rudimentares, sua alimentação é de carne crua e eles se pintam com a lama que está presente no chão onde pisam. Logo, aparecem outros seres humanos, que também primam pelo instinto de sobrevivência extremo, que prosseguem sem se comunicar verbalmente, fazendo absolutamente tudo para permanecer subsistindo, como animais silvestres.
A primeira conversa em português compreensível acontece com quase meia hora de decorrido, entre o personagem visto desde o começo vivido por Pedro Otto e Lúcia (Maya dos Anjos). Essa escolha narrativa é corajosa, mas a opção por escolher mostrar uma interação mais explícita talvez mate um pouco do mistério para a parte da audiência, especialmente pelo que foi pré estabelecido.
O monstro que às vezes é mostrado varia entre uma fantasia dos personagens mostrados e um real perigo para sua existência. O motivo que envolve sua existência ou identidade ajuda a elevar o patamar do filme, mas o final um pouco anti climático por sua vez faz decrescer um bocado o interesse do público pelo que ocorrerá com os personagens, uma vez que alguns dos humanos são retirados de tela sem maiores preparações dramáticas.
Mesmo com os altos e baixos, Terra e Luz tem o poder de gerar cativar a atenção do público pelos dramas apresentados, especialmente pela sensação de morte iminente e de destino trágico que ocorrerá independente das ações das pessoas, além de acertar muito na maior parte dos aspectos visuais, apostando bem na valorização do terreno árido.
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