Crítica | Um Homem, Um Cavalo, Uma Pistola

Os filmes do velho oeste americanos foram tão populares que se transformaram em um gênero temático próprio, as histórias clássicas mostravam mocinhos de boa índole prendendo malfeitores e bandidos nos cenários áridos de um país que demorava a se civilizar. Isso evidentemente não representava bem a sujeira e a moral baixa típica desses cenários, coube aos cineastas italianos, décadas depois, trazer uma releitura sobre o subgênero, que ficou conhecida como Western Spaghetti. Um Homem, Um Cavalo, Uma Pistola é uma desses exemplares.

Um cavaleiro de vestes pretas corta a areia, interpretado por  Thony Anthony, natural de West Virginia, diferente de outros tantos heróis desses filmes, como Franco Nero ou Giuliano Gemma naturais da Itália. O realizador Luigi Vanzi (que também usava o pseudônimo Vance Lewis a fim de se vender melhor para o mercado americano) utiliza demais de super closes e de mudanças de ângulo muito rápidas, uma marca registrada do estilo, além de mostrar uma violência tão intensa, que beira a caricatura. O personagem de Anthony, chamado de Estranho pelos que o rodeiam, tem como primeira inteiração encontrar um cadáver no bebedouro.

O modo natural com que o personagem encara a situação mostra o quanto ele é preparado mentalmente, mesmo cercado por homens armados ele age com humor e um sorriso no rosto enquanto planeja atacar seus recém-apresentados novos inimigos, tal qual uma serpente se preparando para dar um bote. O mocinho aqui é sacana, dissimulado e esperto, é fruto de seu meio, do tipo de linguagem cinematográfico comum ao tipo de western executado na Itália.

A música assinada por Silvio Cipriani ajuda a aumentar a atmosfera do imprevisível se tornando tangível. Cada  feito do Estranho é pontuado pela música tema ou por outras onde o agudo predomina. Fora alguns incômodos evidentes, como o cabelo de Anthony com um tom loiro parafinado como os dos surfistas, e outras tantas questões financeiras que demonstram que o filme não tem grandes recursos, o que Vanzi apresenta aqui é uma obra bastante madura que se vale dos cenários de Cinecittá, resultando então em um conto de justiça torto, mas com personagens que subvertem questões de honra sem qualquer cerimônia.

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