Martha Medeiros já está consolidada nacionalmente como uma autora de sucesso há alguns anos, publicando livros com tiragens muito acima do esperado no mercado editorial brasileiro. No entanto, confesso que pouco conhecia a respeito do seu trabalho.
A autora começou seu trabalho escrevendo poesias, ainda nos anos 1980, mas só se tornou conhecida pelo país ao escrever crônicas para os jornais Zero Hora, de Porto Alegre, e O Globo, do Rio de Janeiro. Após se tornar autora de best-sellers (Um Lugar na Janela, Feliz Por Nada) e ter suas obras adaptadas para o cinema e TV, Martha Medeiros retorna com seu mais novo lançamento, A Graça da Coisa.
O livro é um apanhado de crônicas publicadas entre 2011 e 2013, para ser mais exato, 80 delas, que reverenciam a tradição da crônica brasileira, abordando assuntos cotidianos, desde o barulho que existe numa cidade grande, como as pequenas felicidades do nosso dia-a-dia, que vão desde banalidades como um cachorro quente à uma declaração de amor.
Aliás, são esses assuntos cotidianos que mais chamam a atenção do leitor, como algumas crônicas que abordam um pouco de sua paixão pelo cineasta Woody Allen, uma análise do livro Dupla Falta, de Lionel Shriver ou então uma peça de teatro que assistiu. Tudo isso dá um toque especial a algumas de suas crônicas.
No mais, suas crônicas funcionam quase como um grupo de terapia, onde a autora procura discutir e levantar algumas questões a respeito de assuntos específicos, buscando como solução encarar o problema, e claro, encontrar a “graça da coisa”. Martha Medeiros constrói um texto coeso e sua narrativa é fluida, seja para abordar assuntos como relações familiares, arte ou relacionamentos.
Obviamente, como em toda coletânea, há crônicas que deixam muito a desejar, como algumas delas se destacam sobre as outras. No mais, vale uma conferida se você já conhece o trabalho da autora ou se os assuntos abordados em suas crônicas te interessam.