Neste livro, o autor demonstra o quanto a literatura fantástica nacional cresceu nos últimos tempos. Com uma narrativa que nos leva através de uma São Paulo atual em um misto de realidade e uma boa dose de fantasia, Dennis Vinicius nos guia nessa história concisa, rica nos detalhes e com uma atmosfera sinuosa entre o sombrio e o heróico. Definitivamente, um dos melhores exemplares que já li.
Confesso que não me senti muito inclinado a lê-lo, apesar de sua capa excelente, quando recebi, na Primeira Odisséia de Literatura Fantástica, um pequeno panfleto em formato de mini-livro contendo o primeiro capítulo de A Grande Criação de Nicolas. No entanto, em um momento de tédio, resolvi pegar e ler o conteúdo que ali havia, e certamente foi o que me fez comprar o livro. Afinal, somos puxados desde o primeiro capítulo para essa história, que segue rapidamente conforme você devora as palavras que ali estão e nos leva até um acontecimento inesperado e, para o personagem, completamente desolador. É muito difícil não se envolver nos sentimentos de Nicolas, e praticamente impossível não sentir simpatia pelo mesmo.
Porém, apesar de gostar do personagem, preciso dizer que não existe – pelo menos no meu caso – algum a que você se apegue realmente. Mesmo torcendo por um desfecho feliz e sentindo-se motivado pelas características únicas de alguns personagens, não tem aquele que você simplesmente adore e queira guardar para sempre na memória (como Hermione de Harry Potter, no meu caso) – ou no coração, caso você tenha isso, ainda que sejam bastante consistentes nos papéis em que atuam.
A narrativa usada me lembrou muito de alguns livros de André Vianco, mesmo que Dennis Vinicius tenha um mérito especial pelas suas características únicas como contador de histórias, tanto pela atmosfera única que é capaz de passar quanto pelos mistérios que esconde. Sem contar, é claro, o emaranhado de “coincidências” que se explicam e se juntam no final, formando uma única teia e revelando a ligação entre todos os fatos. É mais do que simplesmente desdobrar a história e apresentá-la como é: o autor consegue contá-la da melhor maneira que ela poderia ser contada – sem contar que nele há uma das melhores cenas de perseguição que eu já vi.
Seu desfecho, quando tudo se conecta, é repleto de emoções e, quando se aproxima, a leitura flui rapidamente, devorando o livro com uma velocidade absurda. No entanto, preciso dizer que não gostei do final, e essa é uma opinião inteiramente pessoal de alguém que não curte finais felizes demais, se é que isso é possível. De alguma forma, fiquei esperando algo mais sombrio e um pouco mais cruel por parte do autor. Mas, ainda assim, não foi o suficiente para que me impedisse de gostar muito desse livro. Portanto, recomendo muito para todos aqueles que desejam conhecer uma excelente história de literatura fantástica e um dos meus livros nacionais favoritos.
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Texto de autoria de Thiago Suniga.