O selo Novos Talentos da Literatura Brasileira foi criado pela editora Novo Século com o intuito de publicar escritores iniciantes ainda não inseridos no mercado editoral.
De acordo com as informações no site do selo, o escritor envia seu original para análise e, após seleção, é feito um contrato para lançamento. A tiragem mínima é 1500 exemplares, sendo 500 deles comprados pelo próprio autor.
A editora fornece distribuição nas livrarias de grande porte, participa do lançamento do livro com divulgação e publicidade, além de um sistema de edição que consiste em revisão, diagramação e outros elementos básicos na composição de um livro.
A iniciativa parece equilibrar-se entre o elemento tradicional de uma editora, que seleciona material para lançamento, e o conceito da auto publicação. O enfoque é interessante já que não necessariamente um bom livro lança-se pela editora mais renomada.
É comum encontrarmos os livros do selo nas livrarias virtuais, prova de que há uma visibilidade aparente nos produtos lançados.
Escrito por Leonardo Faig, Jesse Chesnutt e o Mistério do Planeta T12 é o segundo livro do autor, mas primeiro lançado oficialmente, já que o outro romance foi escrito, mas permanece na gaveta.
Parte de uma história seriada, projetada em diversas partes, a trama de Jesse Chesnutt pode ser reconhecida pelo leitor de literatura de fantasia. Estilo que tem ganhado destaque alguns anos e tornando-se um material pop consumido tanto por leitores em geral quanto aqueles que leem especificamente o gênero.
A história é marcada pelo curto espaço temporal, que parte de um acontecimento específico em 20 de Abril de 2012 que funciona como ponto de arranque da narrativa, quando um virus misterioso transformam os humanos em seres agressivos e que, aparentemente, sobrevivem a tudo.
Dentro deste ambiente devastado, Jesse Chesnutt é um dos sobreviventes e à procura de respostas para o vírus pode revelar-se muito maior do que se pensa.
Há pouca novidade no interior da narrativa, sendo perceptível as referências que inspiraram Faig a compor sua trama realizando uma homenagem explícita as suas influência enquanto ainda procura verdadeiramente sua voz como escritor.
Como um todo, a condução da história é bem pontuada pelos acontecimentos que se passam após a data inicial e as vezes retrocede no tempo apresentando maiores explicações. Mas peca no desenvolvimento da ação, muitas vezes interligada por acontecimentos repetidos em demasia que facilitam, sem produzir a tensão adequada, os ganchos da trama.
Na crítica de outro livro do selo, Isadora Sinay contrapõe a qualidade da escrita com o trabalho do editor, que poderia ter evitado que o autor do livro referido cometesse excessos e utilizasse expressões de senso comum. O mesmo vale para esta narrativa. É visível a falta de pulso firme do editor – Talvez, temeroso de que o autor se sentisse incomodado. Tal intervenção poderia ter ajudado Faig a retirar algumas expressões repetidas em excessos e uniformizar o ritmo narrativo e as cenas de ação.
Como normalmente exigido pelo estilo, a história tem uma reviravolta em sua parte final que se desenvolverá em uma sequência que parece rumar a trama para uma história de ficção científica. Nos deixando a sensação de que parte do livro foi escrita com uma intenção, enquanto final foi projetado para o elemento maior desenvolvido em partes distintas.
A escrita de Leonardo Faig ainda é nova e, no decorrer da leitura, é perceptível algumas mudanças que ainda exigem maturação apesar do louvável entusiasmo ao narrar os fatos. É provável que, ao escrever o segundo volume da história, o acúmulo de sua escrita perca força, retirando os excessos desnecessários e focando mais no ritmo narrativo.
A edição caprichada da Novo Século tem uma bela capa e ainda vem com um marcador de páginas do romance. Para os interessados, e os três primeiros capítulos do livro estão disponíveis para leitura.