As tiras de quadrinhos talvez sejam um dos formatos mais paradoxais de leitura. A brevidade possibilita rapidez, bem como destaque em jornais e em livros didáticos como objeto de interpretação textual. Em contrapartida, os temas produzem significados profundos, contrastando com sua aparente simplicidade em que se destaca a qualidade do autor.
As tiras do Macaco Albino nasceram na internet (www.macacoalbino.com.br) e, após lançamentos independentes, ganharam um álbum pela Balão Editorial em 2015. Macaco Albino em Macaco Albinho, de Leandro Robles, traz tiras publicadas originalmente na rede em um interessante recorte temático, bem selecionado pelo autor para apresentar os diferentes tipos de humor contidos em suas histórias.
O tema central que rege as tiras é a observação do cotidiano visto por um personagem comum. A análise da vida besta, como diria o poeta Carlos Drummond de Andrade, em breves comentários, ora filosóficos, ora bem humorados pelo personagem central. Um mundo visto pelos olhos da urbanização em que tudo é veloz, destacando cada breve momento contemplativo como observar estranhos em um metro, compartilhando, mesmo sem querer, parte da intimidade alheia.
Além dessas reflexões, ressaltando em maior profundidade nas tiras, a obra também explora o humor, principalmente o non sense, destacando pensamentos bobos que todos tem mas, provavelmente, tem vergonha de assumir: placas lidas erradas que causam riso por espanto, reflexões sobre se outras pessoas tem gostos peculiares e hábitos estranhos, tudo se transforma em tema para que Robles ressalte que as estranhezas de seu personagem é apenas um reflexo de parte de nós mesmos.