Review | Baki the Grappler
“Todo homem, pelo menos uma vez na vida, já sonhou em ser o mais forte”.
Neste anime, praticamente todos se valem desta máxima para conduzirem suas vidas, inclusive o jovem Baki, de 13 anos de idade. Baki é filho do homem mais forte do mundo, Yujiro, e tem como objetivo de vida superá-lo. A princípio, vemos que Baki é um prodígio na luta, possui habilidades e força muito acima da média. Entretanto, muita gente é mais habilidosa que ele, e o jovem de cabelos ruivos vai apanhar pra caramba em sua jornada de aprimoramento.
Baki the Grappler é um anime shonen até dizer chega. O foco é quase total nas lutas e nos personagens querendo ser mais fortes. Muita gente conheceu Baki pelos episódios da Netflix, que correspondem à terceira temporada. Já digo de antemão que é plenamente possível assisti-la sem conhecer as duas temporadas anteriores, que serão o assunto deste review.
A história de Baki é bastante rasa, o que não é um problema, muito pelo contrário. Queremos ver a pancadaria e os exageros extremos de cada luta. Na primeira temporada, temos Baki se aprimorando para, finalmente, enfrentar seu pai e testar sua força. E, por mais clichês que o anime tenha, uma coisa é muito interessante: Yujiro, pai de Baki, está muito acima de qualquer um. Ele não só é extremamente forte e resistente, mas também um exímio conhecedor de inúmeras artes marciais e técnicas poderosas de luta. Quando Baki fica a temporada inteira treinando arduamente, consegue aumentar sua força de maneira exponencial. Porém, ao confrontar seu pai, temos um lampejo de esperança de apenas alguns segundos. “Baki superou seus limites e vai, ao menos, causar algum dano a Yujiro”. Mesmo quando o garoto monta no pescoço do pai e começa a esmurrar sua cara, Yujiro nem sente os golpes. Ele é um verdadeiro monstro, e isso fica muito claro durante toda a série. Yujiro poderia ser o deus ex machina de qualquer série, porém ele é um vilão. Ou pelo menos um anti-herói. Paralelo a isso, a mãe de Baki mantém uma relação estranha com o filho, e uma idolatria doentia a Yujiro. O desfecho da história dela é bizarro, mas no mínimo impactante e inesperado, que será o divisor de águas na história do jovem Baki (e o fim da primeira temporada).
A segunda temporada tem foco quase total em um torneio clandestino. Baki viaja o mundo buscando novos oponentes até descobrir a existência do famigerado torneio, que ocorre em Tóquio. Aqui começa a parte alta do anime. O torneio não tem premiação. Os participantes querem somente lutar com pessoas extremamente fortes e se provarem. É pura e totalmente paixão pela luta, sentimento presente em todos os personagens da série, a vontade de ficar mais forte, de enfrentar oponentes grandiosos, de esmurrar a cara de alguém. A atmosfera fede a testosterona, transborda o instinto selvagem do homem, e tudo gira em torno das lutas. Não existe ameaça no mundo, Freeza não vai explodir Namekusei daqui a 5 minutos, nada disso. É a luta pelo prazer e pela paixão de enfrentar oponentes poderosos.
Este sentimento não é inédito em obras japonesas. Basta lembrarmos do próprio Goku, já que citamos Dragon Ball logo acima. Goku sempre luta para conter um grande mal, porém, como já deixou claro em um episódio, o objetivo principal dele é enfrentar alguém mais forte do que ele. Goku quer salvar a Terra? Sim. Mas antes disso, o sangue sayajin que corre em suas veias coloca em prioridade o prazer pela batalha. Em Baki, todos possuem esta vontade sayajin.
É bom deixar claro que este anime é daquele tipo “japonês ao extremo”, ou seja, exageros babacas estarão presentes em 99% do tempo. Muitas situações são toscas, motivações ridículas, mas é tão ruim que dá a volta e fica bom. É um grande torneio de Street Fighter, cada um com seu estilo de luta, técnicas exageradas e muita violência. As técnicas são baseadas em estilos de luta reais em sua maioria, sem raios ou magias. O exagero fica a cargo da força, agilidade e execução dos golpes. A retratação dos estilos de luta são bem legais, e realmente seguem alguns aspectos da realidade, desde posturas de luta até golpes e princípios.
Estas duas temporadas foram produzidas há bastante tempo, então não espere grande qualidade de animação. Praticamente todos os personagens são extremamente musculosos. Os diálogos e situações são simplórios e focam na emoção da luta. Baki the Grappler se propõe a isso e faz de forma magistral. Assista como uma obra trash, entre no espírito, ignore as situações toscas e deixe a testosterona invadir seu coração.
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