Review | Agentes da SHIELD – 2ª Temporada
Nesta segunda temporada, além de discutir as questões relativas a ressurreição do Agente Coulson (Clark Gregg), desenrolando o mistério em volta do projeto dos Vingadores ressuscitados, a série também se conecta com Agente Carter, que até então não havia sido cancelada. É curioso que esse resgate do que era a SSR (antigo nome da organização), além de se conectar muito bem com o filme Capitão América: O Primeiro Vingador, também trata de artefatos mágicos e dá mais detalhes de como foi árduo a construção do legado da organização de Nick Fury, Coulson e companhia, antes até do que foi visto nos prólogos de Homem-Formiga, com Hank Pym lidando com os responsáveis em seus primórdios.
O desenrolar dos acontecimentos da primeira temporada e dos filmes – em especial, Capitão America 2: Soldado Invernal, Thor: Mundo Sombrio e Vingadores: A Era de Ultron – contém algumas participações curiosas, como a de Carl Creed/Homem Absorvente (Brian Patrick Wade) que trabalha para a Hydra e que, segundo algumas falas de Jeph Loeb (quadrinista e produtor do lado televisivo do MCU) seria o mesmo que enfrentou o pai de Matt Murdock na primeira temporada de Demolidor.
Novamente se investe tempo e emoção no quase romance entre Skye (Chloe Bennet) e Ward (Brett Dalton), com o segundo preso, mas aos poucos os dois personagens vão ganhando seus próprios rumos. O grande problema é que esse ano se divide em histórias diferentes que se cruzam, sendo a primeira, ligada ainda a Hydra, com Simmons (Elizabeth Henstridge) se tornando uma agente dupla, vazando informações do lado maligno para os mocinhos. O segundo é a evolução desse quadro, mostrando as consequências da exposição aos materiais que o vilão manuseava, e assim foram introduzidos os Inumanos, três anos antes até da péssima adaptação televisiva Inumanos.
No quesito jogo de espiões, ao menos pelo meio da temporada, não há o que reclamar. A série replica os bons momentos dos seriados de matinê antigos de Joss Whedon, especialmente com as personagens femininas, pois tanto Melinda May (Ming-Na Wen) quanto a novata Bobbi Morse (Adrianne Palicki) tem momentos inspirados, tanto dramaticamente quanto no quesito ação, o que surpreende, pois ambas estiveram em produções malfadadas, como Street Fighter com a primeira, e o piloto cancelado de Mulher-Maravilha com a segunda.
O problema maior do roteiro é como ele lida com seus mistérios. Tudo é sensacionalista, em especial na questão familiar de Skye. Kyle McLaughlin é um ótimo ator e até tem bons momentos, mas na maioria das vezes é posto em situações constrangedoras, assim como Dichen Lachman, que ao contrário das outras mulheres, é bem maltratada pelo texto, soando sempre histriônica e afetada. Toda a trama de arrependimento e variações emocionais de Ward pouco funciona, assim como os efeitos especiais ligados aos poderes dos inumanos, sobretudo quando Skye assume seu papel heroico, como Tremor.
Essa temporada tem até um pouco de influência nos filmes, ainda que bem pontual, envolvendo o porta-aviões que aparece no segundo Vingadores, em Sokovia, e ainda traz uma participação de Maria Hill (Cobbie Smulders), que poderia ser melhor aproveitada aqui, já que aparece nos filmes. Jiaying, a inumana que é mão de Sky justifica sua hostilidade contra a Shield afirmando que a organização estabeleceu uma guerra com o seu povo, e que matar pessoas é um processo inevitável, no entanto, os desdobramentos soam melodramáticos ao extremo, e perdem boa parte de sua força exatamente pelo exagero narrativo.
A tentativa de Ward de resgatar o restante dos integrantes da Hydra ao final é inteligente, e faz sentido, mesmo sem grandes possibilidades de sucesso. Do outro lado, há uma boa alternativa para o futuro, envolvendo Skye e outros seres com poderes, e mais um cliffhanger. As tramas familiares dão um pouco de graça e tornam o programa menos genérico, mas está longe de ser algo fenomenal ou com a qualidade ao menos condizente com os filmes do MCU. O drama e motivação de Jiaying tem algum ponto de realidade e verdade, mas não faz muito sentido dentro da trama. Os bons momentos da série fazem lembrar Buffy e Angel, mas ainda é pouco e desnecessariamente longo para os padrões atuais. Por um lado, Agentes da Shield é bastante subestimada, por outro está aquém do que poderia mostrar, já que não faltam tramas de espionagem dentro desse universo audiovisual da Marvel.
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