Crítica | Phi Slama Jama
Especial da ESPN no formato 30 for 30, Phi Slama Jama busca estudar o fenômeno universitário do Texas, em Houston, que tem o mesmo nome deste longa metragem de pouco mais de 70 minutos. O estudo do filme , dirigido por Chip Rives se dedica a mostrar o espetáculo do time, primeiro, através do depoimento de Eric Davis e Lynden Rose, depois, investigando um bocado da historia dos outros componentes, Larry Micheaux, Clyde Drexler, Michael Young, Hakeem Olajuwon e Greg Anderson.
A equipe era comandada em sua época por Guy Lewis, e ele também entraria para a historia com o sujeito que mudaria boa parte dos paradigmas do que seria o basquete nas faculdades. A mentalidade e estilo por trás do Phi Slama Jama normalmente é associado a 2 jogadores famosos, Draxler e Olajuwon, os mais vitoriosos em categorias profissionais, mas o caráter deles era graças a outro: o armador Benny Anders, um sujeito que desapareceu do noticiário e até das pessoas que se importavam com ele.
Toda o jogo pautado na velocidade e criatividade que seriam utilizados no Rat Ball e Street Ball anos mais tarde era culpa e influencia do PSJ, que por sua vez, tinham origem nos playgrounds onde os astros cresceram. Isso foi um diferencial para o estilo do Houston Cougars, que ainda assim, tiveram dificuldade em voltar seu jogo para o tradicional basquetebol disputado nos moldes da NBA, a função de Lewis foi equilibrar esses dois aspectos. Há um cuidado do filme em desenvolver bem e com detalhes cada um dos integrantes do time que esteve junto de 1982 a 84, o termo que dá ao filme foi cunhado pelo ex-escritor esportivo do Houston Post, Thomas Bonk, o apelido foi rapidamente adotado pelos jogadores.
Os talentos sobressaiam no time, tanto que mesmo com Anders transbordando energia dentro e fora de quadra. Mesmo sendo muito talentoso, havia um cuidado para que as ações fossem bastante compartilhadas com seus companheiros de equipe. A parte dedicada ao nascimento do termo via Houston Post e a composição da musica do Dj Captain Jack são tão bem documentados quanto os lances mágicos da equipe, fato esse que fez o Texas, um estado normalmente fanático por futebol americano, dividir essa devoção com o basquete.
O maior senão do filme certamente é a primeira duvida levantada pelos colegas e quase apresentadores do programa, Eric Davis e Lynden Rose, que era o destino de Benny Anders. Mesmo a saída dele da NCAA e do Houston é envolto em mistérios, não se consegue entender os motivos que o fizeram sair da liga, e nem seu destino depois, no basquete FIBA pelo mundo, na Argentina e em outras praças menos famosas.
Phi Slama Jama consegue acertar bastante no tom emocional, uma pena que não consiga conversar com as figuras mais famosas daquele time histórico, mas o senso de comunidade e o orgulho que os texanos tinham a respeito daquela equipe é bastante bonito, e seu desfecho surpreende, por mais que toda a trama prepara para alguns reencontros. A sensação é que o espírito atrás do time de Lewis era algo único, uma energia compartilhada por bons jogadores, que tinham no time um norte de talento e criatividade desportiva, que obviamente deu frutos, mas que jamais se repetiu tão perfeitamente quanto aqui.