Crítica | I Hate Christian Laettner
De Rory Karpf, I Hate Christian Laettner é um documentário que fala sobre o ex-jogador de basquete que está no titulo desse que é um especial da Espn americana. Parte da iniciativa 30 for 30, o filme de 77 minutos se dedica a resgatar a memoria do jogador branco, de família rica que acabou sendo o centro de algumas polemicas quando ainda era um novato no maior campeonato de basquete do mundo, uma figura de ódio que só pecou em estar no momento errado, na hora errada.
A trilha rock n roll embala o começo do filme, antes mesmo de falar a respeito do sucesso de sua carreira universitária do ícone da universidade de Duke. Narrado por Rob Lowe, o filme destaca que é preciso, em qualquer segmento – incluindo ai o esporte – algumas figuras puramente vilanescas , não só aqueles que são odiados por uns e amados por outros, mas também os que são só vistos como maus, e como Laettner se tornou isso é um mistério que o filme busca responder.
Laettner não era uma pessoa fácil, mas pelo que se diz, ele só reagia agressivamente a quem o atacava constantemente. Se ele não fosse tão perseguido certamente não seria agressivo com seus adversários ou desafetos fora das quadras. Durante o estudo sobre essa controversa figura, aponta-se 5 pontos, para essa rejeição: o privilegio, de ter nascido numa família abastada, e por ser aluno de Duke (embora sua família não fosse exatamente rica, pois ele era filho de professora e de um funcionário de uma gráfica); era branco, e jogava com a jinga de um negro; O fato de ser bully, ou de meramente responder as gracinhas a que deveria se submeter, sendo desleal em muitas oportunidades; a grandeza, pois media 2,11m, além de parecer arrogante por não ter medo de se sentir melhor, e por não deixar de falar isso; e aparência, que associada a sua arrogância (de novo), o fazia parecer um figura rejeitável.
Se o longa peca em não ter uma resolução bem definida, ele acerta demais em dar voz aqueles que são íntimos do biografado, além de permitir a Christian se defender do que quer que fossem as acusações na sua direção, ainda que o próprio não enxergue necessidade de qualquer defesa, pois jamais esteve errado. É curioso analisar a carreira dele, o mote do filme termina logo na final da NCAA (que é o campeonato masculino universitário de basquete nos EUA) de 1992, suas premiações e glorias envolvem a carreira universitária, tendo sua camisa na faculdade aposentada (também foi All Star da NBA uma única vez) e o fato de ter participado do Dream Team de 1992, como parcela da cota para universitários no time mesmo ao ser o terceiro escolhido no Draft, pelo Minesotta Timberwolves ele não conseguiu muita gloria, ou lastro na Liga.
Nem no Dream Team ele era bem quisto, segundo as próprias palavras, metade dos 12 jogadores o aceitaram minimamente e a outra não o enxergava como jogador 100% pronto. A fama de mimado o assombrou, e mesmo quando Shaquille O’Neal foi perguntado se deveria estar no time no lugar dele (foi o primeiro do Draft de 92), mesmo sendo político, o pivô do Orlando Magics foi vaiado.
Christian teve problemas com drogas, assumindo que utilizava maconha, mas claramente sua rejeição passava por cima até do uso de drogas por um tempo determinado ou não. A universidade de Duke também passou a ser rejeitada, tendo até uma musica contra si –This is Why Duke sucks – e para boa parte dos entrevistados, Laettner tem uma percepção equivocada dos sentimentos dos populares a seu respeito, ele parece se isolar mentalmente, se alienando dessas condições de concentrador de maus sentimentos, e apela pra família como válvula de escape, e durante os créditos finais ele joga basquete e tênis de mesa com seus lindos filhos, basicamente para afastar qualquer ideia de astral baixo. É um pouco constrangedor esse desfecho, tanto para os realizadores quanto para a figura analisada, mas há que se notar que tudo isso parece sincero, e que o cunho emocional desse 30 for 30 é bem diferente de outros tantos episódios da série.
Facebook – Página e Grupo | Twitter| Instagram | Spotify.