Review | Gears Of War 3
Primeiramente preciso explicar o disparate. Eu como um cara muito foda – dig din dig din – um cara muito esperto, um cara muito malandro, só que tudo isso ao contrário. Resolvi comprar Gears Of War 3 na semana do lançamento. Que caso você não saiba, foi lançado no Brasil, por um preço bem aceitável, R$129,00. Tudo oficial, em loja de shopping e com nota fiscal. Valia muito a pena, afinal de contas, eu iria jogar um lançamento na primeira semana, coisa que eu não fazia há anos.
E aí vem o problema, nunca ter jogado um minuto sequer de Gears Of War 1 ou 2. E ainda complemento. Jogos de grandes estúdios, eu tenho uma mania. Nunca leio reviews, não ouço podcasts sobre, tento me manter o máximo afastado de tudo que fala sobre o jogo, até eu ter a oportunidade de jogá-lo. O máximo que eu faço, é entrar no metacritic, olhar a média de notas, pra não fazer burrada e queimar dinheiro. Portanto, a única coisa que eu sabia é que existia o Marcus Fenix, e que o cara era um monstro de bombado. De resto, nada.
Som e gráficos
Eu vou começar pelos aspectos técnicos, pra me livrar já desse assunto. Com relação aos gráficos, como todo jogo moderno e que não ficou 10 anos em desenvolvimento. Cof cof cof. E vem de uma grife, como a Epic Games e a MS Studios, ele tem os gráficos muito bons. Sua engine Unreal 3.5 dá conta do recado.
Mas os gráficos de modo geral, são apenas bons. Os cenários são acima da média, beirando o ótimo. Vez ou outra, as roupas e os cabelos das mulheres – como sempre – ficam toscos, com sobreposição, mas nada que tire pontos nesse sentido, já que é algo normal em boa parte dos games, até por isso, personagens como Lara Croft tem cabelo preso. Um ponto positivo, é a modelagem das armas. Isso sim, é o melhor que já vi nesse aspecto.
E agora vai um ponto positivo, que eu raramente vejo em reviews que leio por aí, ser levado em conta, como um aspecto positivo. Normalmente o audio só é lembrado, quando é ruim e atrapalha o jogo. E nesse caso, merece os louvores. A qualidade sonora em si, tanto as trilhas, que eu inclusive recomendo o CD, quanto os próprios sons de batalha, tiros, explosões. Qualidade muito acima da média. É colocar no Home Theater no volume máximo e ir pra guerra. Inclusive alguns momentos que o jogo estava me cansando, foi o som que me motivou a continuar, afinal não existe nada melhor que sons de explosões as 3 da manhã, incomodando todos os vizinhos.
Ainda sobre o áudio, cabe um ponto para as dublagens, que são ótimas. Por exemplo, Marcus Fenix, é o mesmo dublador do Bender do Futurama. John DiMaggio. Cole Train é dublado por Lester Speight, e você vai entender porque eu conheço esse cara, mais a frente no review.
O Gameplay
E como eu li num review do Machinima, cover, cover, cover, agachar, correr e tiro pra caralho. Isso resume perfeitamente o que você vai fazer, pelas mais ou menos 8 ou 10 horas de gameplay da campanha, eu digo mais ou menos, já que não tem essa média em lugar nenhum, ou pelo menos não achei. O mais interessante é que tem uma estatística que demonstra o quanto tempo de cover você ficou. No meu caso foi, 1:29:56. Isso jogando a campanha apenas uma vez 🙂
No final, eu já estava cansado de tanta repetição, e queria que aquilo acabasse logo. Mesmo eu já sabendo mais ou menos como iria terminar a história – não porque li spoilers, mas por ser previsível mesmo – eu precisava terminar logo o jogo. No final da campanha, parecia que eu tinha ficado fazendo uma maratona de Epic Sax Guy. Inclusive, se trocassem o Marcus pelo Epic Sax Guy, e o lancer por um Sax, seria o jogo do século :-V
Outro aspecto, é que apesar de em alguns momentos o jogo te dar opções de qual caminho tomar e tal, ele é bem nos trilhos. Simplesmente o que está ali, está ali, não tem muita alternativa. E isso, hoje em dia isso me incomoda um pouco, mesmo sabendo que o Gears não tem a pretensão de ser um jogo de mundo aberto, adoraria ver Marcus Fenix trocando uma idéia com o Terry Tat… Cole Train, durante um descanso. Mas enfim, não quero dizer que jogos nos trilhos sejam ruins, apenas não me agradam, como já me agradaram um dia. E também, consigo entender, que no caso do Gears, a história tem que correr com o pessoal no senso de urgência no máximo, seria até estranho poder dar um intervalo pra tomar um café e ter tempo pra interagir.
Sobre a dificuldade, tenho alguns pontos. Eu joguei na dificuldade normal. Não tenho mais saco pra jogar no hard e ficar morrendo 200 vezes, e ter quatro vezes mais tempo de gameplay. E foi bem tranquilo, porém com desafio. Mas um desafio que não é frustrante. Baseado em estratégia. O que torna o jogo bem interessante nesse ponto. Qual arma usar contra qual oponente? Ou ainda algo do tipo, vou matar primeiro um monstro X, roubar a arma dele, já que ela é melhor pra matar o inimigo Y que é mais sinistro. Isso é definitivamente um ponto muito bom de Gears 3. Só achei estranho uma coisa. No início do jogo, tive uma dificuldade enorme com munição, sempre me via sem munição ou no osso. E no final do jogo, era quase que munição infinita. O problema é que eu não sei dizer se fui eu que me adaptei ao estilo do jogo e a usar mais estratégia, ou se realmente rola um pouco disso. E eu não vou jogar de novo pra descobrir.
Já que falei de munição vamos para o ponto alto do jogo. As armas. Isso realmente é digno de palmas. A arma principal do jogo, é a mais maneira, chama-se lancer, é uma singela metralhadora com uma serra elétrica como se fosse uma baioneta. Uma arma de sutileza paquidérmica. As armas que substituem sua metranca principal, sinceramente eu não consegui usar por muito tempo, não porque fossem ruins, mas pra que você quer outra arma quando a que você carrega, tem uma serra elétrica na ponta. Você pode carregar também uma 12,que é sempre bem vinda, principalmente em jogos de zumbi (zumbi???). Alguns tipos de granadas, como incendiárias, de fragmentação e até granada de tinta. Existem também as armas especiais, lança-chamas, vulcan, e Hammer of Dawn. O ponto fraco fica para as pistolas, com excessão de uma pistola metralhadora que você só tem acesso na parte final do game, não vi nenhuma muito interessante. E como já havia dito antes, o visual das armas é FODA.
Ainda falando de armas, algumas das partes mais interessantes do jogo, é quando você pode assumir uma metralhadora montada. Ou então nos veículos em movimento, como a arma subaquática do submarino. Ou então sentar o dedo nos vermes com um carro em movimento. É muito show.
Vamos à historia e vou incluir os personagens no decorrer. Bom, você está lá num planeta chamado Sera, deu um monte de merda, guerra, destruição, porque os humanos chegaram lá e como sempre, explodiram em população e estavam com problemas pra conseguir energia. – santo Batman que história batida – Estavam lá, retirando um petróleozinho maneiro, porque é obvio, os humanos colonizam planetas mas só conhecem petróleo e energia nuclear. E ai acharam um líquido, amarelo, chamado Unobtainium, ops, esse é de outra história que os bichos são azuis. O líquido é chamado de Imulsion. Bla bla bla, pra ca, bla bla bla pra lá. História dos 2 primeiros jogos. Guerra com os Locusts, bla bla bla, explosão, bla bla bla, Hammer of Dawn. Numa boa, tem na wikipédia artigos contando a história dos 3 jogos, em mínimos detalhes, não vou ficar contando tudo aqui, se não esse artigo ficará com 5000 palavras e um show de spoilers. O que também, seria tão relevante quanto dar spoiler de um filme do Stallone.
Vamos ao que realmente importa. Você vai controlar uma equipe do COG, um tipo de exercito. Na maior parte do jogo, você vai controlar o personagem Marcus Fenix. E normalmente andando em um grupo de quatro COGS, e o que importa sobre o Fenix, é que ele é durão, mais bombado que o Arnold sobrenome que eu não consigo escrever. Também é angustiado e sofreu muitas perdas. E com certeza é um dos símbolos do XBox junto com o Master Chief.
O jogo é dividido em Atos e Capítulos. Um pequeno trecho, acho que ato 1, capítulo 4 ou 5, você controla o personagem mais maneiro do jogo. O Terry Tate, ops, Cole Train. Um ex-jogador de futebol americano, ídolo máximo na cidade natal dele, Hanover, inclusive, no jogo você vai ter de fazer um touchdown, mas ao invés de bola, com uma bomba 8D. E cara, o Cole Train, como já disse anteriormente, é dublado pelo ex-jogador de futebol americano Lester Speight, mas o que importa é que esse é o Cole Train da vida real. Terry Tate, office linebacker. Interpretado pelo próprio Lester.
Inclusive, essa hora, em que você controla o Cole Train, ela corre em paralelo, com uma história que você já passou, com o próprio Marcus. Isso havia me dado esperanças enormes com relação à história. Havia inclusive pensado, poxa finalmente alguém percebeu que a história dos jogos, mesmo os grandes lançamentos, não precisa ser linear. Já estava pensando, em uma história com diferentes linhas de tempo. Mas não, foi só uma vã esperança.
Enfim, percebe-se que o Cole, conseguiu me arrancar várias risadas, com seus Whooo Baby, principalmente. E na verdade foi o único personagem que me marcou durante o jogo. Tanto o nome do post. Isso, também, admito, é influenciado por não ter jogado, nem o primeiro nem o segundo jogo da franquia. Tanto o Marcus Fenix com a história do seu pai. Quanto Dom, que inclusive protagoniza uma cena que tem o objetivo de ser emocionante, no sentido triste da coisa, não me pegaram. Os outros personagens, eu não vejo muito o que citar, talvez o Baird, com o cinismo e sarcasmo. As mulheres, Sam e Anya, são bem apáticas. E acho que o Dizzy que é um maluco, mecanico e piloto de primeira, também rende algumas risadas.
E no mais, a história se desenrola de maneira previsível, com muitos clichês de ficção científica. Sempre tem um problema a mais, usado como artifício pra aumentar o gameplay, num roteiro relativamente curto. E pra finalizar, um final que conta com o típico sacrifício de redenção e esperança. 🙁
Mas enfim, se você está procurando uma história densa pra valer, há opções melhores que Gears of War. Muito melhores.
Sobre seus inimigos, hordas de Locusts, Lambent. Rainha dos locusts. E um monte de bicho maneiro. Uns mais sinistros que os outros. Porém, como o jogo é uma bela duma matança, você vai acabar matando um milhão de cada um. Com excessão dos Bosses. E isso é um ponto absolutamente positivo pro jogo. Os big bosses, são muito bons, em vários sentidos. Criativos, dificuldade balanceada. E o melhor, não aparece um tutorial na tela pra te informar como matar um big boss, tampouco você tem que ficar 3 horas, tal qual um maluco tentando descobrir o que fazer. Você descobre isso organicamente pela conversa entre seu time, e um pouco de teste.
E agora a pior parte pra mim, mas pode ser muito bom para outros, zoombiefication. Pois é, se existe a Gamefication, existe a zoombiefication dos games. Que é transformar qualquer coisa em zumbi. O motivo? Vende. O que eu acho? Zumbi é um saco. Pra mim sempre foi, e hoje em dia com essa enxurrada de zumbi, passou do chato ao insuportável. E não posso falar mais disso, porque é spoiler da história.
O jogo foi concebido para ser realmente um trilogia, e portanto acabou por aqui. Mas obviamente amiguinhos, rolou um gancho no meio do jogo, para o que provavelmente se torne uma nova sequência, ou você acha que eles vão perder a chance de encher os cofres?
Inclusive, já que eu falei do gancho, vou lembrar do personagem dublado pelo Ice-T. O Griffin, é um daqueles evil CEO, de uma exploradora de Imulsão. É outro caso de dublagem bem feita. E a melhor parte que os envolve é uma música do Gears of War, feita pelo Body Count, a banda do Ice-T. É a música dos créditos finais.
Sobre as legendas em português, que foi alardeado, como se fosse uma grande coisa. Porra isso não é uma feature, isso deveria ser padrão pra todo jogo. Pelo menos os que são lançados oficialmente no Brasil. Ou seja, todos os jogos maiores. No PS3, a grande maioria dos jogos, mas a grande maioria mesmo, vem com legendas e menus em português. Mas enfim, sobre a qualidade das legendas. Bom, eu comentei no post do The Dig, alguns dias atras que parece até que foi um chimpanzé que fez as legendas. Um dos problemas, é a tradução literal de muitas coisas, que acabam ficando sem sentido. Outra é a incoerência, por exemplo, eu me lembro claramente de algum xingamento, ter sido traduzido de duas formas diferentes, quando significavam a mesma coisa. Por exemplo, o Cole manda um mother fucker pro monstrengo e num ponto é traduzido como filho da puta e outro desgraçado. Mas ok, antes ruim, do que não ter. E também, não é tão ruim assim.
Para finalizar, uma visão geral de Gears Of War 3. É um bom jogo, tiroteio desenfreado. Armas muito boas. Na capa do jogo vem uma frase, “A franquia mais influente desta geração”, e realmente, tem sua razão nisso, já que o Cover system, virou um padrão e não só isso. Há um outro fator que eu não posso opinar, visto que não o testei, mas pelo que já ouvi diversas pessoas tecendo elogios rasgados, faz a diferença, que é o multiplayer cooperativo. Dizem até que o jogo ganha outras proporções de tão melhor que se torna jogando dessa forma. E isso com certeza também é um legado de Gears of War. A quantidade de jogos com opção de multiplayer coop é enorme hoje em dia.
Apenas uma última consideração,como achei que a história, não é das melhores. O fator replay no modo offline, é bastante limitado, se é que existe. Como acho que o tempo de gameplay e o replay é um ponto importante para se decidir, ou não, pela compra, achei que valia a pena citar isso. E se você tiver experiência com o modo online, multiplayer, será bem-vindo o update.