Crítica | A Madeline de Madeline
A Madeline de Madeline (Madeline’s Madeline) é um longa que vem saindo despercebido nessa temporada de premiações, mas se destacando pela singularidade ganhou espaço nas maiores listas americanas de melhores do ano. Escrito e dirigido por Josephine Decker, o filme acompanha a jovem estudante de teatro Madeline que precisa lidar com os cuidados excessivos de uma mãe ansiosa e de sua professora de teatro extremamente exigente enquanto experimenta novas experiências e sensações. E de sentir que Madeline’s Madeline é.
A câmera de Decker viaja vezes fluida vezes nervosa entre corpos de uma maneira muito particular, de fato a protagonista que dá nome a essa história é feita de camadas claramente complexas e a câmera funciona com excelência ao comunicar isso a nós. Proporciona sensações nebulosas e muito bem-vindas em nosso processo de imersão durante o filme, mesmo que seja tão fácil se comprometer com a narrativa.
E se o efeito quase íntimo da fotografia é um grande mérito, as performances do elenco não são tão diferentes. Helena Howard é hipnotizante, enquanto se vê ela imitando animais para a peça ou reagindo aos acontecimentos rotineiros de sua vida real, a atriz nunca revela de mão beijada quem Madeline realmente é, sua performance deixa a crer que se nó espectadores não compreendemos por completo nossa personagem principal, podemos ter certeza que Helena também busca entender quem ela encarna em tela, e isso ressoa positivamente no grau de realidade que o material final entrega.
Os papéis das duas mulheres que orbitam a vida de Madeline felizmente também se desconstroem e se constroem em tela de uma forma muito bela, há cenas tão fortes que é possível sentir eletricidade. O roteiro, de certa maneira, vai por caminhos mais lineares e sutis, sem grandes altos e baixos o engajamento poderia se esvaziar em certo ponto do longa, mas a narrativa não se alonga a ponto de isso acontecer tão cedo.
Decker entrega uma das experiências mais imersivas e diferentes do ano, A Madeline de Madeline não merece ser tratado como algo que “não é pra todo mundo” – assim como qualquer obra – , mas pode abrir boas e novas perspectivas para quem o tem a oportunidade de assistir.
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Texto de autoria de Felipe Freitas.
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