Crítica | Calypso
De Rodrigo Lima, sujeito que costuma editar os filmes de Julio Bressane como Cleopatra e que recentemente lançou Espelho, e Lucas Parente, Calypso é mais um dos filmes experimentais que correm os festivais de cinema do Brasil entre eles a 10ª Semana de Cinema. A historia do filme se passa em uma época pós apocalíptica quase, em que dois personagens, Ulysses e Calypso vivem em um exílio.
Walter Reis e Julia Gorman atuam bem em momentos distintos, quase sempre, estão separados, habitando sozinhos seus dias na ilha em que ficam, a espera de um encontro que provavelmente não virá. Tal qual os projetos da Tela Brilhadora e Operação Sonia Silk, esse é um filme experimento, sem uma linha narrativa muito estabelecida, e que se dedica a falar da existência com cenas quase sem diálogos, com falas soltas que não explicam ou explicitam qualquer coisa a respeito do universo implantado ali.
Há muita tentativa de poetizar entre as cenas, e algumas são filmadas com ângulos muito bonitos, que destacam cenários internos e externos como belíssimos, mas a maior parte deles o drama soa presunçoso, hermético de um jeito que não se justifica. Se tivesse a duração de um curta-metragem certamente seria mais palatável soaria menos pretensioso. A ideia do filme não é ruim, mas soa genérica diante de tantas outras obras envolvendo o grupo de artistas que normalmente produz esses filmes, a saber Moa Baldoni Badsow, Bruno Safaedi, Julio Bressane etc.
Ao final, há um momento mais emocionante e épico, com uma musica clássica posta em volumes nas alturas com uma paisagem da praia onde ao fundo se assiste o trabalho de uma fábrica, com chamas sendo expelidas para fora, fazendo o espectador se indagar se a expectativa de vida e civilização era aquilo, era a chegada do trabalho. Calypso é um filme de belas intenções, mas que se perde nelas na maioria das vezes.
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