Crítica | O Garoto da Casa ao Lado
Jennifer Lopez tem como maior atributo a beleza de ascendência latina. Em anos anteriores, foi uma das cantoras que adentrou o cenário pop musical dos Estados Unidos representando uma figura diferente da popular loira americana. Em paralelo a esse sucesso, desenvolveu uma carreira de atriz estrelando produções como Sangue & Vinho, Selena, Irrestível Paixão e Anaconda, filmes que, com ou sem qualidades, eram destaques na época de lançamento. Concentrando-se com maior ênfase na carreira musical, permaneceu em papéis simples, a maioria comédias românticas ou histórias dramáticas sem muito destaque, porém sempre mantendo seu nome na mídia, seja nas telas ou nos singles musicais.
Produzido pela própria atriz, O Garoto da Casa ao Lado é o novo thriller de suspense de Rob Cohen, diretor conhecido por suas costumeiras obras medianas mas que antigamente ao menos conquistavam o público de ação, caso de Velozes e Furiosos, Triplo X e Daylight. Não fosse a popularidade da atriz e do diretor, a produção seria um genuíno filme B com lançamento direto em home video. Considerando a época de seu lançamento, a história parece formatada propositadamente para acompanhar o nicho recente de romances que misturam erotismo em uma trama qualquer, principalmente devido ao lançamento da adaptação de Cinquenta Tons de Cinza.
Claire (Lopez) é uma mulher divorciada que teve um casamento manchado pelas aventuras conjugais do marido. Após a separação, procura o recomeço como professora de literatura em uma escola. Em uma noite após um encontro ruim, se envolve romanticamente com o vizinho, um adolescente que recentemente veio cuidar de um tio doente. Reconhecendo a disparidade da relação, Claire tenta negar o amante após a noite de amor e, lentamente, a personagem se torna agressiva e utiliza a chantagem, intimidação e medo como maneira de manter os laços.
Não há nada de novo nesta história que siga à risca os argumentos básicos de uma intriga. O vizinho, a princípio atencioso e atraente, revela-se um homem obsessivo e violento e sem nenhuma credibilidade. Ampliando seus domínios, a personagem aproxima-se do filho de Claire, um garoto com idade próxima da dele e tenta influenciá-lo negativamente contra a mãe e o pai, que ainda tentam manter uma relação. O erotismo em cena é precário e parece um recurso obrigatório para tentar atrair parte do público devido à fórmula que alterna atração e perigo. Nenhum dos atores tem o talento necessário para dar sustentação ao seus papéis, e o desenvolvimento da trama, tentando amplificar a tensão, entrega ao público frases de efeito, cenas tradicionais de suspense com personagens olhando janelas de maneira furtiva e o evidente fim redentor para a história.
A brevidade do filme é suficiente para não causar estragos no público, mas a narrativa superficial com interpretações rasas não promove nenhum tipo de emoção, nem mesmo o suspense rasteiro que era o alvo desta história. Lopez e Cohen estão distantes de uma carreira brilhante, mas juntos conseguiram compor quase um manual de tudo que deve ser evitado quando se intenta contar uma boa história do gênero.