Crítica | O Incrível Hulk
A Universal já tentou contar a história do Gigante Esmeralda com Ang Lee, no Hulk de 2003, um filme que divide muitas opiniões por ter sido cabeça demais para as plateias nerds, e pouco voltado a ação. Para a nova versão do monstro de Bruce Banner, chamaram o diretor francês Louis Leterrier, e Edward Norton para interpretar o personagem título e seu alter-ego, e toda sua origem é contada de maneira muito rápida, durante a apresentação que dura em torno de três minutos, quase sem falas, apenas com imagens e infográficos.
Antes mesmo de mostrar Banner na Favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, já se estabelece que ele se culpa por quase ter matado Betty Ross (Liv Tyler). Norton parece muito dedicado a fazer crer que é um personagem trágico e que se culpar por ferir pessoas próximas ou inocentes.
Boa parte do drama de Bruce, vive de sua paranoia em relação a contaminação que pode vir do seu sangue, e há momentos bastante engraçados de sua passagem no Brasil. Também é engraçado como os Estados Unidos vêem o Brasil, mandando alguns agentes procurarem um homem branco trabalhando em uma fábrica específica, como se isso não fosse algo comum.
A criatura só aparece em torno dos vinte minutos de filme, reforçando os estereótipos brasileiros de uma maneira tão fantasiosa que não há como não achar engraçado, tal qual Velozes e Furiosos 5: Operação Rio, no entanto, é nesse momento que a cooperação entre General Ross (William Hurt) e Emil Blonsky (Tim Roth) deveria ser levada a sério, mas não há como, dada a galhofa da operação como um todo.
As principais críticas ao que Ang Lee fez se deu em relação a ação, e Leterrier parece buscar o extremo oposto disso. Há muita ação, e a transformação pela qual passa Blonsky faz lembrar a forma de dirigir que Paul Greengrass fez em Supremacia Bourne e Ultimato Bourne, quase emulando uma filmagem documental e realista, de como seria um monstro venenoso como o Abominável agindo pelas ruas de Nova York.
A tática utilizada por Banner para deter seu nêmeses encontra eco nos quadrinhos, inclusive num arco dos Supremos. As lutas mesmo quanto tem muito computação gráfica não soam datadas, mas também carecem de textura, principalmente com o vilão, que soa tão artificial quanto um boneco mal feito, batendo nos prédios e destruindo o asfalto da cidade. Mesmo que em alguns momentos o combate de titãs seja épico, a razão pelas quais esses enfrentamentos ocorrem é vazio, algo entre a dedicação de Norton ao papel e o produto final que chegou aos cinemas em 2008 se perdeu.
A recepção do filme foi mista, os elogios do público passavam pelas cenas de ação, e as críticas também reclamavam da pouca dramaticidade e da narrativa genérica do roteiro, mas muito do impacto negativo foi absorvido pela cena pré-créditos finais, com Robert Downey Jr. aparecendo, para falar de uma iniciativa que reuniria homens com grandes feitos, incluindo aí Bruce. Esse, até mais que em Homem de Ferro, foi o início da mania dos filmes produzidos por Kevin Feige em driblar a própria mediocridade com uma cena no final sensacionalista e covarde, disfarçada de easter egg unicamente para deixar o espectador satisfeito com o que ocorreu em tela. É uma pena, pois o gigante esmeralda merecia muito mais do que isso.
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