Crítica | 12 Homens e uma Sentença
Doze Homens e uma Sentença é um desses filmes que ficará marcado e dificilmente esquecido por quem o viu.
Repleto de diálogos brilhantes, belas interpretações e um excelente trabalho de direção e fotografia, Sete Homens e uma Sentença é certamente um dos maiores filmes de tribunais já feito, e que apesar de ter sido filmado em 1957, continua com uma popularidade até os dias atuais.
Dirigido por um mestre do cinema, Sidney Lumet nos apresenta uma história simples, focado quase inteiramente na decisão de um júri composto por 12 pessoas responsáveis pelo julgamento de um garoto, acusado de matar o próprio pai. O filme não tem rodeios, é direto, com personagens extremamente realistas e fortes, os diálogos durante a sequência são de deixar qualquer um embasbacado.
O elenco conta com ninguém menos que Henry Fonda no papel do único homem entre os doze que duvida da culpa do garoto pela morte do pai, e se vê diante da tarefa hercúlea de provar para os demais que as coisas não são tão óbvias quanto todos pensam e a cada sequência, Fonda desenvolve uma resistência muito bem fundamentada que aos poucos vai convencendo os demais jurados. Álias, Henry Fonda foi o responsável pela produção do filme, ao assistir a peça para TV, exibida pela CBS em 1954. Percebendo o potencial do roteiro e um papel que o atraiu imediatamente, Fonda arcou com a produção do filme do próprio bolso.
Fonda contratou Sidney Lumet, um diretor veterano de TV, mas que até então não tinha trabalhado com cinema, e Boris Kaufmann, diretor de fotografia, um especialista em trabalhar com espaços pequenos e claustrofóbicos. Toda história é filmada dentro da sala de júri, com exceção da primeira e última cena, ao chamar Lumet e Kaufmann, Fonda conseguiu o que queria, rodar o filme todo em uma pequena sala, criando assim a tensão que precisava, e sem deixar o ritmo cair em nenhum momento. Lumet vai descontruindo toda cena do crime com maestria e qualquer desatenção pode perder o brilho que o filme merece, claro que sem o roteiro de Reginald Rose, nada disso seria possível.
Já no início da sequência, após todas as provas serem apresentadas durante o julgamento – provas essas quase irrefutáveis da culpabilidade do réu – O presidente do júri se volta aos demais, indagando-os quem considerava o réu culpado. Todo o júri prontamente ergue as mãos, exceto um deles, personagem esse interpretado por Henry Fonda, conforme já falado. Durante toda a sequência é visível a todos o peso que este homem tem nas costas, ao decidir pela vida de um garoto. E o filme consegue retratar essa guerra psicológica com grande esmero. Todo o decorrer do filme trabalha o modo como o personagem argumenta e todas as recomposições de cenas do crime vão sendo montadas com tamanha inteligência e perspicácia que só nos resta bater palmas.
Cada ator deixa sua marca no filme, e todos ali trabalham muito acima da média do que vemos por aí, criando uma dinâmica incrível entre todos os 12 atores em tela, e tudo isso dentro de uma sala fechada em uma calorenta tarde da semana. As personalidades de cada um dos jurados vêm a tona, preconceitos raciais, entre outras coisas. Uma humanização dos personagens que provém de um julgamento que seja sensato e justo, de acordo a cada um deles. Uma verdadeira obra-prima cinematográfica.