Crítica | Um Grito de Liberdade
Um Grito de Liberdade, drama turco dirigido por Mustafa Kotan, começa de forma melancólica ao retratar a despedida de um casal. A partir de então, acompanhamos a vida de Nazli (Özge Gürel), que viaja de trem para seu novo/velho destino, o lugar interiorano onde seus pais moram. A trama mostra uma história de resgate às origens, frustrações e sonhos.
A trama do longa mostra essa despedida como um retorno da moça ao seu lugar de origem, sem revelar o motivo, se ela foi para matar a saudade que ela teria de seus pais ou se é por conta de dificuldades financeiras. A trama familiar é retratada de forma piegas, com uma mãe extremamente carinhosa e cuidadosa, mas que não tem qualquer receio em se anular para fazer com que todos ao seu redor sejam felizes. Esse aspecto é maximizado de forma tola pela música incidental, e piorado ao mostrar os conflitos entre gerações.
Por mais que as ações de Ayze pareçam tiradas de um catálogo de estereótipos, existe algum um cuidado por parte do cineasta de denunciar o conservadorismo vigente na comunidade retratada, fato que já é amplamente discutido e debatido em centros urbanos como Istambul – local para onde a protagonista vai, e que pioram demais ao longo das estradas para o interior. Na zona rural essa condição é ainda pior, e se torna mais gritante por essa ser uma história contemporânea.
Não há muita audácia do filme em relação aos aspectos de linguagem, o realizador faz um filme bastante antiquado. A narrativa segue a mesma tônica, mostrando um choque entre famílias quando a protagonista resolve se casar com um rapaz da faculdade. Neste ponto, após a primeira hora de exibição o roteiro se assume como um pastiche das novelas mexicanas melodramáticas, com clichês da moça do interior que procura o rapaz rico. Um Grito de Liberdade tenta emular uma trajetória épica, focada na vida de uma personagem de intimidade trágica, que vai agravando todo seu caso ao se aproximar de seu final, resultando um uma obra que tenta soar pesada, mas que esbarra em um sensacionalismo tacanho e incômodo.