Resenha | Tex 609: A Fúria de Makua
O jovem Makua um índio nativo sai da prisão de El Paso e vai na direção de Tex Willer, o ranger que o salvou de perder seu futuro, e em meio a essa jornada, ele encontrará outros nativos americanos. Esse é o início e sinopse de A Fúria de Makua, do revista de linha do cowboy texano publicado no Brasil pela Editora Mythos.
O roteiro é assinado por Pasquale Ruju, com desenhos de Afonso Font, e a revista reforça a ideia de cronologia solidificada dos personagens Bonelli. O nativo americano lembra de velhos mestres, homens maus e a libertação mental e física que Tex concedeu. As explicações em flashback ajudam o leitor mais novo a entender perfeitamente o contexto em que a história se encontra dentro da cronologia do personagem.
Font desenha com um nível de detalhismo absurdo, desde detalhes das roupas as armas. Mesmo as expressões dos personagens são muito bem feitas e tudo passa longe do genérico, e isso se vê principalmente entre Makua e Mateus, dois nativos da mesma tribo mas muito diferentes entre si, de índole distinta, mas com o passado em comum. A história contemporânea (lançada em 2019) mostra duas versões de presente de naturezas semelhantes.
O roteiro é igualmente afiado. As cenas de ação são enérgicas, fluídas e repleta de detalhes, além disso a configuração dos personagens é bem mostrada, há com o que se importar. Makua, o coprotagonista, é estiloso, tem formas diferentes de luta, se expressa de modo sofisticado e diferente de todos os outros homens e mulheres, até no modo de se vestir, parece um homem à frente de seu tempo.
Tex é um herói de muitas camadas. Apesar de sua postura ter muito a ver com a do herói clássico, ele possui nuances que são percebidas ao longo de suas aventuras, e nessas mais recentes isso é bastante, desde pequenos gestos e ações mais específicas. Está longe de ser maniqueísta, mas é bastante justo, e passa esse senso para os que o rodeiam. Ele não é só o herói, mas também mentor, e isso faz dele um personagem complexo e completo, e este trabalho que Ruju faz conversa bem com o tradicional que Gian Luigi Bonelli ou Mauro Boselli fizeram com o personagem, acrescentando camadas mais sentimentais a uma historia típica do velho-oeste americano.