Crítica | Guerra Fria
De Pawel Pawlikowski, diretor polonês, Guerra Fria aborda a historia de um amor impossível, registrado sem cores para evocar o binarismo paranoico da época em que se debruça para contar seu drama. No decorrer do roteiro se percebe a arte como um ente bastante presente. A rotina do cantor Wiktor (Tomasz Kot) é acompanhada, e em meio a Polônia stalinista, ele procura uma voz feminina que combine com o trabalho que está montando.
Nessa busca, ele se depara com a bela Zula (Joanna Kulig), e a partir daí começa um romance que não deveria ocorrer, dada não só a diferença de idade entre os dois, como a origem francesa da moça, vindo da Paris boêmia. O romance dos dois se desenrola em doses graduais, escondido dos olhares de terceiros na maioria das vezes, mas quase sempre envolvendo festa suntuosas e bailes de gala.
O roteiro de Janusz Glowacki e Pawlikowski mostra esses dois mundos distintos tentando conviver entre si. O conflito (ou quase conflito) entre forças capitalistas e soviéticas serve de pano de fundo mas praticamente não altera quase nada na rotina dos apaixonados. Os fatos que fazem seus corpos e corações se afastarem de vez em quando ocorrem por conta de seus próprios atos, e não por fatores externos.
O filme tem pouco menos de noventa minutos, mas consegue explorar bem todos os estágios de uma relação romântica, mostrando desde o momento em que duas pessoas se apaixonam, passando pelas crises típicas de relações com duração alta. Guerra Fria é um filme com momentos muito bonitos, e que depende demais da atuação de seu elenco, sobretudo de Kulig, que faz uma personagem muito rica e apaixonante, mas carece de um senso de urgência, que não é suplantado sequer pela questão política que serve de base para seu enredo, terminando assim como um filme que não toca tanto o espectador.