Critica | Bill e Ted: Dois Loucos no Tempo
San Dimas, Califórnia, 2691 depois de Cristo é quando começa o segundo filme da dupla Bill e Ted. Inciando sua trama bem mais elaborada que a vista em Bill e Ted: Uma Aventura Fantástica, no mesmo cenário bizarro onde ocorriam as viagens no tempo desse primeiro filme, onde um opositor afirma que acabará com o sucesso da dupla de garotos pirados. Não demora a trama a ir para outra época do futuro, em 2425, mostrando um pouco do legado dos personagens centrais, que seria obviamente interrompido graças a ação do opositor.
Bill e Ted: Dois Loucos no Tempo já demonstra nessa gênese uma grande diferença para o primeiro filme, pois mesmo os cenários de isopor colorido e figurinos futuristas gritantes parecem mais caros, embora mirem uma caricatura tosca das ficções científicas das décadas de 60 e 70. Peter Hewitt, diretor de Os Pequeninos e Garfield: O Filme resgata elementos de Star Wars, do Duna do Jodorowsky e até da série de livros Guia do Mochileiro das Galáxias, ao menos nos aspectos visuais.
O plano dos vilões liderados por De Nomolos (Joss Ackland) coloca duas cópias dos atrapalhados heróis, dois autômatos idênticos aos protagonistas também vividos por Alex Winter e Keanu Reeves, para agirem como impostores, acabando com a carreira, reputação e fama deles.
Por mais bobo que seja a atmosfera deste filme, a temática da finitude da vida é bem explorada, inclusive colocando a morte como personagem – com um visual semelhante a versão de Ingmar Bergman em O Sétimo Selo – vivida por William Sadler, além também de tratar dos problemas da vida adulta, como a dificuldade de conseguir um trabalho com renda boa o suficiente para ter uma rotina de luxos.
O além-vida também é mostrado, e a solução visual é bem criativa, com os personagens mortos usando maquiagem branca e as mesmas roupas de sua morte, mas com cores mais átonas. É tudo tão mal feito que funciona de maneira charmosa, Hewitt sabe trabalhar bem o orçamento que tem. A parte da representação do inferno é um bocado perturbadora, em se tratando de uma comédia rasgada, e surpreende pelas influências claras de Dante Alighieri nessa composição visual.
As piadas continuam afiadas, numa nova versão sobre a madrasta Missy (Amy Stoch), que se estende até pouco antes dos créditos finais. A trilha sonora também é melhor trabalhada, com muito Rock’n Roll, fato que faz sentido já que os dois protagonistas têm sua própria banda e sonham ter seus dias embalados por estas músicas.
Dentro da proposta de ser uma comédia pastelão descompromissada, Bill e Ted 2 consegue acertar demais, sendo ainda mais grandioso que o primeiro. Não repete a fórmula como um todo e expande o universo previamente estabelecido, trazendo uma aventura com novos e frescos elementos, conseguindo soar quase tão hilário quanto o primeiro, melhorando e muito o cunho musical, em uma jornada que louva ainda mais seus tontos heróis.