Crítica | Caçadores de Emoção: Além do Limite
Os últimos anos têm sido marcados por refilmagens de sucessos do passado, tendo em sua maioria tentativas fracassadas de reaver hits, não conseguindo sequer atingir o objetivo de aproximar o clássico original de uma versão mais nova. Caçadores de Emoção – Além do Limite é um exemplo disso, de como mudanças na premissa podem soar falsas e frívolas. A versão de John Utah é vivida por Luke Bracey (de G.I. Joe: Retaliação e November Man), bastante diferente de Keanu Reeves no original Caçadores de Emoção, como um atleta radical arrependido de suas peripécias, aposentado graças à morte de um antigo amigo em uma das manobras suicidas que praticava ao gravar vídeos para o Youtube.
A direção fica a cargo de Ericson Core, conhecido por assinar a fotografia de alguns recentes sucessos do filão de ação, entre eles O Troco e Velozes e Furiosos, que curiosamente possui todo o esqueleto narrativo do filme de Kathryn Bigelow. O papel de Core enquanto cineasta é apresentar belas paisagens em planos abertos e muito bem pensados. Há pelos menos três cenas de absoluta adrenalina mas que perdem força diante do terrível texto de Kurt Wimmer.
Apesar da bela compleição de Édgar Ramirez, sua versão de Bodhi consegue ser apagada e pouco plausível. A opção por tornar o anti-herói em um terrorista da aventura soa pueril demais, igualando essa motivação ao caráter bobo do outro protagonista. Falta carisma, química e substância, não só a dupla como a todo o grupo de esportistas radicais.
A desculpa de espiritualidade por trás dos crimes cometidos soa ofensivo em todas as manifestações, e o entorno de Bodhi é formado por um papel mais genérico do que o outro. Assistir ao grupo de aventureiros sem camisa ao menos gera no espectador a divertida competição de encontrar a tatuagem mais feia nos corpos de cada um dos surfistas, já que nada na mistura espiritual entre Capitão Planeta e Robin Hood funciona como trama pseudo-adulta.
O esforço por transformar o enredo em algo mais solene do que o original soa patética, bem como todas as tentativas de romance e amizade indiscutível. Bracey não consegue convencer em cena nenhuma, fazendo o público discutir inclusive os métodos do FBI em confiar-lhe tanta verba para as suas missões. Mesmo o conteúdo homoerótico velado soa ofensivo, uma vez que não há mais a necessidade de mascarar qualquer mensagem de descoberta de afeto sexual ou emotivo entre homens. Para piorar, as cenas de escalada e surfe têm uma qualidade de CGI sofrível, destoando inclusive dos momentos positivos anteriores, encerrando Caçadores de Emoção – Além do Limite de um modo pífio e ofensivo para qualquer aficionado por adrenalina.