Crítica | Samurai I: O Guerreiro Dominante
Samurai: O Guerreiro Dominante é um longa-metragem de 1954, dirigido por Hiroshi Inagaki que conta a historia de Miyamoto Musashi, um lendário guerreiro do Japão antigo. A história começa com um comboio imperial, atravessando a simples aldeia de Miyamoto, onde a nobreza e a simplicidade se misturam, com o rico desfile literalmente contrastando com a miséria do humilde povo que habita aquele lugar. O Japão na época estava em guerra e isso resultava diretamente na condição miserável na maioria do povo, onde os guerreiros com melhores condições lutavam com lâminas afiadas e pólvora contra seus inimigos, e os pobres mal tinham como se defender.
O filme é baseado no livro de Eiji Yoshikawa (na verdade toda a trilogia se baseia nessas histórias). Nesse contexto, há Takezo, um órfão que tem a sorte de, junto a seu amigo Matahachi, sobreviver a um ataque inescrupuloso dos inimigos. Sua fortuna é tanta que eles quase são pegos por esses malfeitores, personagens que não tem qualquer clemência, fato que demonstra o quão selvagem era essa época.
Toshirō Mifune é o interprete de Takezo, enquanto Rentaro Mikuni faz o seu amigo. A dupla segue atrás de comida e de um lugar para ficar em paz, longe do belicismo do início da história. Os dois passam seus dias numa aldeia vizinha, tentando viver apesar de seu passado triste, e cada um deles tenta seguir seu rumo, mirando uma vida comum.
A forma como a câmera de Inagaki retrata a vida no Japão é passiva. Os “mocinhos” da história sofrem demais, enquanto os vilões demonstram um maniqueísmo atroz. Isso é natural, pois a história de Musashi é um conto antigo, transmitido de forma oral até ser registrado em romance e, como tal, é comum que uma história heroica seja presa a uma fórmula estabelecida.
A mocinha em perigo, Otsu (Kaoru Yachigusa), as múltiplas traições que Takezo sofre, tudo coopera para o bem do personagem. Mesmo quando está sem saída, ele consegue se reinventar, como se estivesse subindo por uma corda através de um poço muito fundo.
Esse certamente é o mais sentimental e melhor arranjado dos filmes da saga, ao menos na carga dramática. Ainda assim, há uma quantidade de eventos bastante decepcionantes, por não terem tanto tempo de tela em comparação com a obsessão no relacionamento entre Takezo e Otsu. O treinamento com Takuan Osho (Kurôemon Onoe) é incrivelmente rápido, assim como a Batalha de Sekigahara, uma das mais lendárias do Japão, mostrada muito rapidamente. O final de Samurai: O Guerreiro Dominante fica em aberto, referenciando a jornada de Takezo, rumo a se tornar Musashi. Como um capítulo inicial de uma série, o filme introduz seus personagens, dá ideia da grandeza de alguns, e só é apreciado por completo se acrescido de suas duas continuações.