Crítica | Nightmare Cinema
Nightmare Cinema é mais uma compilação de curtas-metragens de diretores diversos, que gira em torno do mesmo assunto, no caso, o cinema. Na primeira cena mostra uma jovem, bonita, de roupas curtas passando por um cinema antigo, aparentemente abandonado, e que tem em seu letreiro o nome do filme. Ela é Samantha (Sarah Elizabeth Withers), e passa pelas cadeiras vazias do mesmo e se nota que ele está em bom estado apesar de vazio, um pouco depois, a moça toma um susto por algo simples: o começo da projeção, que acontece subitamente. Nela, aparece uma jovem toda ensanguentada, que parece muito com ela, e que corre pela floresta em uma perseguição estranha, tentando fugir de um suposto assassino mascarado, que ela chama de Soldador.
Já nesse primeiro conto se nota que o gore imperará e que o que é exibido faz referencia aos medos internos dos personagens mais “humanos”. Os homicídios nessa primeira parte são bem criativos, e o filme não se leva a sério, não há muita lógica realista aqui, além de ter claras referencias a Army of Darkness, o último A Morte do Demônio e um bocado de Final Girls, filme recente que também tem comentários metalinguísticos. Mesmo os clichês dos filmes slasher são subvertidos, tanto em níveis sentimentais quanto em expectativa de futuro.
A forma como as historias se amarram também é divertida e engraçada, e por mais esdrúxulas que sejam as motivações dos personagens elas fazem sentido dentro da loucura que é o roteiro. A transição de uma historia para a outra é bem suave, não causando estranhamento no público. Além disso, há um cuidado em misturar os gêneros de terror, mostrando assassinos seriais, horror atômico, invasão de animais malditos manipuladores em formulas que soam divertidíssimas, exatamente por não se levar muito a sério o que é mostrado em tela.
Há também elucubrações sobre pecados capitais, como a vaidade, necessidade de plásticas, que reúnem elementos por sua vez de clássicos trash como O Dentista e de outros mais elucubrados como A Pele que Habito. Há também vazão a luxúria, com mais referencias ( entre elas, O Exorcista e Mórbido Silêncio). É engraçado a quantidade de referências a filmes B e trash, e é até natural que seja assim, dado quem dirige os filmes, Alejandro Brugués de Juan dos Mortos, Joe Dante de Gremlins, Mick Garris de Criaturas 2 e várias adaptações televisivas dos filmes de Stephen King, Ryuhei Kitamura que faz muitos filmes de horror no Japão e David Slade de Menina Má.com. Mesmo os momentos mais explícitos, como a introdução do projecionista feito por Mickey Rourke funciona bem, soa fluída, além de ajudar a colar os pesadelos filmados.
Obviamente algumas historias são menos elaboradas que outras, portanto, há também mais inspirados e outros sem tanta criatividade, mas a forma como as temáticas se repetem e os elementos são reprisados dentro dos contos é muito inteligente, pois fortalece uma ideia cíclica, com uma cola diferenciada entre os contos macabros, que a julgar pelo seu final, pode perfeitamente ter uma ou mais continuações, que seriam muito bem vindas caso sejam conduzidas assim, com tom galhofeiro e que pouco se leva a serio, com diretores tão especializados no estilo e gabaritados como os que são vistos neste Nightmare Cinema.
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