Resenha | Tsumitsuki: Espírito da Culpa
Hiro Kiyohara tem como obra mais conhecida o mangá Another. O artista japonês também produz diversas histórias curtas, contadas em volumes únicos, por exemplo Só Você Pode Ouvir, ou mesmo um compilado de esquetes bizarras (Coin Laundry Lady). Aqui temos mais um exemplo de mangá em volume único: Tsumitsuki: Espírito da Culpa, publicado pela Editora JBC.
Em uma cidade do interior do Japão, uma nova aluna, Chinatsu Takada, chega à escola. A jovem Takada, aos poucos, vai conhecendo as lendas locais, em especial sobre os tsumitsukis, espíritos que se alimentam do remorso humano. As coisas ficam mais sinistras quando Takada conhece Kuroe, um garoto que sabe muito sobre os tais espíritos. Os dias vão passando e coisas estranhas começam a acontecer na cidade. Mortes bizarras ocorrem e ninguém sabe a causa. Mas nós sabemos, claro: são os tsumitsukis.
A ideia destes espíritos é interessante. Entidades que tomam o corpo da pessoa e, aos poucos, vai tomando seu controle, como se fosse corroendo a pessoa de dentro para fora. É semelhante a uma doença progressiva terminal, não há cura, não há escapatória, e cedo ou tarde você vai ser tomado por ela e morrer.
Por vezes esquecemos que a história tem uma protagonista. Há foco em alguns núcleos narrativos que dão uma boa dinâmica. Kuroe acaba sendo o personagem mais interessante por seu ar misterioso. Apesar de não haver um desenvolvimento tão profundo, os personagens são bem definidos em suas convicções e personalidade na medida do possível, afinal é um mangá de volume único.
Há um bom clima de suspense, aliando-se aos belos traços de Kiyohara e sua boa habilidade narrativa. A história se desenvolve bem, os personagens idem, apesar de não ser algo extraordinário. É o tipo de obra com ideias legais e história básica, o que não chega a ser algo ruim. Existem momentos tensos e impactantes, às vezes inesperados. Ponto positivo. De resto, a trama se mostra um pouco arrastada, mas não ao ponto de gerar desinteresse ou vontade de abandonar a leitura.
Muitas pessoas podem olhar a capa, ler a premissa e esperar ler um mangá de terror. Não é. Existe suspense, momentos de horror, mas não espere algo assustador ou perturbador à la Junji Ito. Espere algo na linha de Another com alguns momentos sangrentos e grotescos. O resultado final é interessante, mas não memorável. Vale a leitura, especialmente aos apreciadores ou fãs do trabalho de Kiyohara.
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