Resenha | Valente Para Todas
Após o sucesso de Valente Para Sempre, o autor Vitor Cafaggi tinha pela frente um grande desafio: escrever uma continuação à altura do primeiro volume. Como era de se esperar, após o belo trabalho realizado anteriormente, a expectativa era altíssima. Pois bem, Cafaggi não decepcionou.
Valente Para Todas, continuação direta do primeiro encadernado das tiras do personagem Valente, continua exatamente de onde o volume anterior parou, no triângulo amoroso onde nosso protagonista foi colocado, tendo que se decidir entre Dama ou Princesa.
Se antes Valente já se mostrava com certa falta de jeito para qualquer aproximação amorosa, aqui as coisas se potencializam e se desenvolvem de maneira ainda mais bem-humorada, mas sem deixar a marca autoral de Cafaggi, que redobra nesta história sensibilidade e delicadeza, características tão presentes em sua obra, como já vimos em Puny Parker, Duo.Tone, Laços e no próprio Valente.
A arte de Cafaggi permanece cheia de sutileza e com a beleza de sempre, e utiliza-se muito bem do traço próprio para expressar emoções, trazendo fluidez à narrativa. Outro ponto importante da obra é como o autor usa a narrativa visual em prol do roteiro, não precisando se apoiar demasiadamente em diálogos para desenvolver sua história. Um belo trabalho de “pantomima quadrinística” e de alguém que tem plena consciência do poder ficcional de sua arte sequencial.
Valente Para Todas contempla dramas pessoais do personagem com bom humor e sensibilidade. Isso se demonstra através de diálogos entre partidas de videogame e mesas de RPG do grupo de amigos, o que sempre resulta em péssimos conselhos amorosos e principalmente em confissões de Valente e de sua amiga Bu, por vezes mostrando cenas de flashback entre estes dois personagens, solidificando-se o elo de amizade entre eles. Assim como na edição anterior, Cafaggi utiliza diversos elementos visuais ao longo da história para denotar emoções, como em cenas em que percebe que ainda tem sentimentos por Dama, e que ela, talvez, sinta o mesmo por ele.
Assim como no volume anterior, a identificação do leitor com o personagem, seus dramas e anseios, permanece fortíssima. O crescimento do protagonista favorece ainda mais essa aproximação, pois aqui Valente passa a ter uma ideia maior do seu lugar naquele pequeno mundo, permanecendo o ingênuo e atabalhoado de sempre, mas com o amadurecimento necessário típico da idade. Essa aproximação existe, pois parte de um ponto único para muita gente que passou por um relacionamento, pouco importando se juvenil ou não.
Cafaggi fecha o álbum com um poderoso gancho para o próximo volume. Valente para Todas se mostra, novamente, mais um grande acerto do autor.
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