A temporada dos blockbusters deste ano começou, para nós brasileiros, com uma estréia atrasada de 2011, mas foi em grande estilo. Sherlock Holmes – O Jogo de Sombras, continuação do filme de 2009 (que por aqui saiu já em 2010), traz novamente Guy Ritchie na direção e Tony Stark no papel principal. O que? Tudo bem, vamos fingir que o nome “real” dele é Robert Downey Jr.
Em 1891, grupos nacionalistas promovem atentados por toda a Europa, gerando um clima de desconfiança e medo, e uma guerra mundial parece iminente. Sherlock Holmes tem certeza de que por trás de tudo está o gênio conspirador James Moriarty, um respeitado acadêmico e colaborador do governo britânico. O problema é que, mesmo se dedicando febrilmente ao caso, o detetive não tem provas concretas, e pra piorar, seu fiel amigo John Watson está prestes a se casar e nem um pouco disposto a ajudá-lo em suas loucas aventuras.
Tudo nesta seqüência evoluiu muito em relação ao primeiro filme, que se sustentava quase que unicamente no carisma do protagonista. As investigações de Holmes, sempre baseadas num dom de observação praticamente sobre-humano, ganharam muito mais espaço. Continuam as ótimas cenas de ação, com Ritchie mais Zack Snyder do que nunca, um tom humorístico muito forte, e a inevitável pegada steampunk, com tecnologia revolucionária explosões mil. Porém, isso não fica forçado, pois a trama enfoca justamente a indústria de armas e sua rápida evolução.
Mas onde o filme realmente supera folgadamente seu antecessor, é no vilão. O clássico arquiinimigo de Holmes possibilitou uma história mais grandiosa e ousada, e um sensacional embate intelectual entre dois gênios. Tão empolgante que não incomodam nem por um segundo os clichês monstruosos de 1) vilão como uma cópia evil do herói, e 2) Associar uma partida de xadrez aos estrategistas e seus planos.
Falando das atuações, Downey Jr. parece até mais a vontade no papel, somando ao sotaque inglês meio mequetrefe um ar perturbado totalmente dorgas, mano. Jared Harris está absurdo como Moriarty, chegando até a roubar a cena do herói em vários momentos. Jude Law, como deveria ser, faz um Watson discreto, o contraponto perfeito a Holmes. Já a cigana Simza vivida por Noomi Rapace não serve pra muita coisa fora movimentar a trama na direção necessária, a delícia Rachel McAdams reprisa o papel de Irene Adler numa (infelizmente) curta participação, e Stephen Fry faz uma divertida ponta como Mycroft Holmes, o irmão de Sherlock, mostrando uma afetação britânica nível máximo.
Como ponto fraco, vale citar a fotografia muito escura em alguns momentos. Tudo bem que é um filme de época e a iluminação não era grande coisa, mas cinema é espetáculo, eu gostaria de VER tudo o que acontece! Além disso, alguns momentos mais dramáticos ficaram deslocados, mesmo sendo bem executados, devido ao clima comédia predominar durante a maior parte do filme. Nada que tire o brilho dessa aventura divertidíssima, que certamente vale o ingresso. E dando spoiler da última cena, tomara que a resposta seja “não”.
Ps: Sei que já tem um filme brasileiro disso, mas… uma continuação adaptando O Xangô de Baker Street. Pensem o quão ÉPICO seria.
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Texto de autoria de Jackson Good.
Acho que foi muito afetado o Tony Stark mesmo. Ele ta sempre sendo ele mesmo nos filmes que ele faz, inclusive fique esperando o traje de robô steampunk o filme todo.
Mas, lembrar sempre, é um filme blockbuster total. É um filme cuja o objetivo de divertir é o maior. Ignorando todo aquela serie clássica da BBC(se fosse daquele jeito, seria muito ruim) e dando mais ação, acho que ficou muito bom. Olhando pelo lado da diversão, é ótimo o filme.
Só mais uma coisa, no baner, Tony Stark esta dando um Xero no Cangote e enrabando do Jude Law né?
No meio de tantos revivals desastrosos acho que Sherlock Holmes está se saindo muito bem.
Gostei de ambos os filmes do Guy Ritchie, ele modernizou a ação, atribuindo um ritmo mais frenético, sem mexer a ambientação. Por outro lado temos a série da BBC, Sherlock, que moderniza a ambientação mas mantém aquele clima mais calmo das obras originais.
Duas visões de um mesmo personagem, ambas incríveis.
Um excelente filme, mesmo as cameras lentas me empolgaram. Mas pra mim é a cena no castelo, que é um referencia ao conto quase final de Sherlock Holmes.
Não consigo concordar com a ideia de que foi um bom filme. Como adaptação deixou a desejar, porque a todo o momento o “clima” principal das cenas é cortado em nome de outras caracteristicas. Cenas que deveriam ser sérias, se perdem em frases cômicas, deixando o espectador sem entender o momento de rir e o de prestar atenção.
O legal mesmo é ver o poder que o Guy Ritchie tem de deixar todo mundo com cara de sujo. O desgraçado faz isso em todos os filmes e começo a achar que todos os ingleses são realmente sujos e tem cabelo seboso por natureza.
Melhor que o primeiro, mas continua sendo um filme entubado. Nada que se compare a série britânica que é muito superior e mais original.
Então, gosto muito da serie original também, até ia comparar os 2, mas acho que o filme e a serie antiga não podem ser comparadas.
Não porque um seja melhor que o outro, mas porque não tem como comparar mesmo. São duas coisas completamente diferentes, com propostas, épocas, orçamentos e muitas outras coisas diferentes.
Bom, pelo menos é minha opinião.