Pokémon é uma fonte que jamais seca. A Game Freak criou uma das franquias mais bem sucedidas da história da humanidade e, duas décadas após o lançamento dos primeiros jogos no Gameboy, a marca permanece forte. Vide o estardalhaço feito no lançamento de Pokémon GO. Os monstrinhos atiçam o lado criança dos marmanjos até hoje. Há um grande apelo à nostalgia, e Pokémon X & Y é uma boa prova disso.
Para evitar repetições, leiam o review dos primeiros jogos da série aqui. Caso já conheçam os jogos, sigamos em frente.
Lançados exclusivamente para o Nintendo 3DS, Pokémon X & Y seguem a mesmíssima fórmula dos primeiros jogos (Red/Blue/Green/Yellow): você é uma criança que sai de uma pequena cidade numa jornada para se tornar o grande campeão da Liga Pokémon. Para isso, receberá o primeiro monstrinho de um professor que estuda Pokémon, viajará pelo mundo capturando monstrinhos, vencendo líderes de ginásio, enfrentando uma grande organização criminosa… a mesma estrutura.
É até engraçado que o início do jogo é praticamente o mesmo do Red/Blue: sai da pequena cidade, recebe um Pokémon do tipo fogo, água ou grama do professor, vai até a segunda cidade que não tem ginásio, atravessa uma floresta para chegar à terceira cidade, sendo que o mapeamento da floresta é praticamente igual à Viridian Forest, inclusive com os mesmos Pokémon a serem capturados no local. Após vencer a Liga Pokémon, você terá acesso a uma caverna para capturar “aquele” Pokémon fortíssimo. Já viu isso em algum lugar?
E claro, a diferença básica entre as versões X e Y está nos monstrinhos exclusivos de cada uma, incentivando a troca entre jogadores para completar a Pokédex. Se já era difícil capturar 150, imagina agora, com… sei lá quantos bichinhos existem até o momento. Até Pokémon sorvete e colmeia voadora eles inventaram.
A quantidade de monstrinhos traz uma dificuldade extra, especialmente para quem parou de acompanhar a franquia por um tempo e não sabe o nome dos novos. Eu, por exemplo, joguei todos até o Ruby/Saphire, em suas respectivas épocas de lançamento. Só voltei agora com o Y. A cada novo Pokémon que aparecia, eu tentava adivinhar qual era o tipo dele para utilizar os ataques mais efetivos. E pra gravar o nome deles? Era tão mais fácil vinte anos atrás…
O jogador poderá se locomover a pé (andando ou correndo), patins ou bicicleta. O controle do personagem usando os patins muda levemente a jogabilidade, o que é interessante. A bicicleta já é clássica desde o primeiro jogo e a corrida a pé foi implementada no Ruby/Saphire. Se você quiser sair da bicicleta/patins para andar a pé, basta utilizar o D-pad ao invés do analógico, uma decisão simples, porém muito interessante e eficiente da jogabilidade.
As batalhas seguem a mesma estrutura clássica, ocorrendo em turnos. Batalhas em dupla estão de volta e possuem um elemento interessante. Além de trazer uma dinâmica diferente, alguns ataques podem atingir os dois oponentes ao mesmo tempo, além de atingir seu companheiro! A variedade de ataques e propriedades de cada um é bem elevada, dando inúmeras opções de personalização para cada monstrinho da sua equipe. Alguns treinadores só aceitam batalhar com Pokémon voadores, outra pequena variedade do jogo.
O ritmo de subir níveis é um ponto fortíssimo aqui. Existe um clássico item que distribui experiência para todos do seu grupo, mesmo que não tenham batalhado. Isso permite que todos recebam experiência para subirem de nível no mesmo ritmo. Acontece que, em X & Y, eles facilitaram bastante. A quantidade de experiência recebida é suficiente para que você fortaleça seis monstrinhos sem necessidade do maldito grinding. E mais, caso queira mudar algum Pokémon do seu grupo, o nível dos monstrinhos selvagens acompanham o nível do seu grupo, existindo uma diferença mínima. Isso permite que o jogador mude de grupo com certa frequência e não precise parar e fortalecer o novo companheiro de aventuras por muito tempo.
Talvez a maior novidade sejam as Mega Evoluções. Elas permitem que alguns Pokémon façam uma evolução temporária durante a batalha, aumentando consideravelmente seu poder. Diferente do que fizeram em Pokémon Shuffle, as Mega Evoluções em X & Y não são algo tão decisivo. E ironicamente, é um elemento copiado de Digimon, que é uma cópia de Pokémon. O mundo dá voltas.
Algumas outras novidades:
- novo tipo de Pokémon: fairy (fada), que é efetivo contra dragão, lutador e escuridão. Vulnerável contra veneno, fogo e aço. Imune contra ataques do tipo dragão;
- possibilidade de batalhar e trocar Pokémon via internet;
- andar montado em Pokémon nos momentos específicos;
- redução drástica na importância dos HM, exceto do Surf;
- encontrar Pokémon selvagens em bando, batalhando contra vários ao mesmo tempo.
A parte gráfica está muito bonita, com visual de desenho animado em cel-shading, belos cenários que remetem à França e algumas brincadeiras interessantes com os ângulos de câmera, valorizando diversos momentos do jogo. Trilha sonora mantém a excelente qualidade da franquia, com músicas cativantes. Seu personagem, menino ou menina, poderá ter as roupas completamente personalizadas, outro ponto bacana.
Aquela história de rival foi levemente modificada. Ao invés disso, você inicia a jornada com várias outras crianças que irão te encontrar diversas vezes no caminho. Eventualmente, você travará batalhas com eles, mas tudo num clima bem amistoso, onde todos são amigos, cada um na sua jornada pessoal. É uma atmosfera bem diferente dos primeiros jogos, com todo aquele lance de amizade num tom infantil e bem good vibes.
Não há muito mais o que dizer sobre X & Y sem cair na repetição. Quem busca um jogo de Pokémon já sabe exatamente o que vai encontrar. É uma versão melhorada do Red/Blue com elementos dos jogos posteriores e algumas novidades, então se você gostou dos primeiros, pode jogar sem medo. Será uma jornada agradável, divertida e com uma dose cavalar de nostalgia.