Muitos anos atrás, um jovem guerreiro descendente do grande Erdrick derrotou o temível Rei Dragão e restaurou a paz no reino de Alefgard. Durante muitas gerações, os descendentes do herói governaram Alefgard e as províncias vizinhas, inclusive o Reino de Moonbrooke, que fica do outro lado do mar. Subitamente, o mago Hargon aparece trazendo o caos novamente ao reino. Caberá aos heróis da linhagem de Erdrick derrotarem o vilão.
Dragon Quest II continua a história de seu antecessor (leia nossa resenha de Dragon Quest) e evolui diversos aspectos de jogabilidade. A primeira e notável mudança está nas batalhas: agora, você poderá enfrentar grupos de monstros ao invés de apenas um. Para equilibrar este aumento de dificuldade, seu herói não é mais solitário. Ele terá ajuda de mais dois companheiros, cada um com habilidades diferenciadas. Os inimigos, geralmente, não estão individualizados, mas sim em grupos. Com isso, você não poderá atacar um inimigo em específico, mas sim algum deles dentro do grupo, de forma aleatória. Isso traz algumas dificuldades para eliminar aquele monstro que já está quase morto, porém obriga o jogador a ter estratégias variadas ao invés de simplesmente atacar qualquer um. Neste contexto, foram implementadas armas que atacam grupos de monstros ao invés de apenas um, uma adição importante para melhorar o combate.
Versão clássica para NES
A santíssima trindade da franquia está de volta: Akira Toriyama (criador de Dragon Ball) na parte artística, Koichi Sugiyama na excelente trilha sonora e Yuji Horii na parte criativa e conceitual. Vale destacar que Sugiyama nos brindou com novos e excelentes temas musicais que mantiveram a identidade da série e se tornaram verdadeiros clássicos da franquia. Outros elementos se mantiveram, tais como os inconfundíveis efeitos sonoros das magias, menus, alguns monstros e… puff-puff?
Não houve evolução na parte gráfica. Aparentemente, foi utilizada a mesma engine para construir o jogo, tanto na versão clássica do NES quanto no remake de Super Nintendo. Este review, novamente, irá focar na versão de Super Nintendo, que é muito mais bonita e amigável. Só para não passar batido, vamos lembrar que os menus TERRÍVEIS se mantiveram na versão de NES, sendo necessário acessar os itens para selecionar a chave que destrancará a porta. Pelo menos eliminaram a opção STAIRS, necessária para utilizar as escadas (agora, basta encostar na bendita).
Versão de SNES
Este segundo título da série manteve todas as características do anterior, com história bem simples e foco na aventura para chegar ao grande “chefão final”. O mundo está bem maior, implementando a possibilidade de viajar em um simpático navio. A sensação de estar numa grande jornada aumentou bastante, a necessidade de explorar o mundo também. Em alguns momentos será necessária uma observação bem atenta dos cenários, o que, sinceramente, não é muito atrativo em um jogo com gráficos tão simples. Há uma brincadeira com o menu de compra e venda em determinado momento que é muito interessante, principalmente em um jogo tão antigo. Existem ótimas ideias novas que demonstram a evolução natural da franquia.
Por mais que o jogo seja bem divertido, sempre teremos alguns pontos negativos comuns aos RPGs japoneses (JRPG), a começar pelo famoso grinding (a necessidade de parar a aventura e batalhar incessantemente para subir de nível). É quase redundante falar de grinding nos JRPG, mas é um ponto que se torna um problema sério em determinados momentos. A reta final do jogo, por exemplo, é extremamente cruel, pois o lugar da batalha final está no fim de um caminho lotado de monstros fortíssimos e será necessário um grinding bem árduo para alcançar um bom nível e conseguir passar sem morrer continuamente.
A ampliação do mundo também dificultou bastante alguns pontos do jogo. Não raro, você ficará perdido, sem saber para onde ir ou ficar em dúvida de como retornar a determinado local. O problema aumenta quando, ao caminhar de forma errante pelo mundo, as batalhas aleatórias estarão lá para te atormentar, tirar sua energia e seu tempo. É a velha maneira irritante de prolongar artificialmente o tempo de jogo. Existem magias e itens que ajudam a evitar as batalhas aleatórias, porém são limitados e precisam ser usados a todo momento.
De qualquer forma, Dragon Quest II trouxe boas evoluções à franquia. É um jogo que agradará quem gostou do primeiro, mas prepare-se para muitas horas de jogatina e alguns momentos frustrantes. Quem gosta de JRPG estará em casa, mergulhe de cabeça neste clássico que envelheceu de forma decente e merece a atenção dos fãs do gênero. Disponível para NES, SNES, Gameboy e dispositivos móveis.
Aquele época que passávamos horas fazendo grinding e achávamos tudo normal… hahaha
Com grinding: 30 horas de jogo.
Sem grinding: 5 horas.
A gente tinha muito tempo livre, essa é a verdade. haha