Metal Gear Solid: Portable Ops foi lançado exclusivamente para o PSP e faz parte da história da série, porém com algumas ressalvas. Isso porque o criador Hideo Kojima não escreveu, nem dirigiu o jogo. Desta forma, segundo o próprio Kojima, os acontecimentos de Portable Ops fazem parte da cronologia, ocorrendo seis anos após Metal Gear Solid 3, entretanto algumas informações estão deslocadas.
A estrutura do jogo mudou bastante. A história está dividida em pequenas missões que são realizadas em cenários bem fechados e pequenos, podendo ser finalizadas de forma livre. Deu um ar de jogo casual, comum nos portáteis. Por um lado, isso deixa a jogatina bem agradável, como se fosse um livro de capítulos curtos. Você quer ler o próximo e saber o que vai acontecer. Em vários momentos isso acontece em Portable Ops, até que surge uma missão genérica e desinteressante.
Durante as missões, soldados inimigos poderão ser capturados para se juntar ao seu exército. Cada um tem atributos próprios, cabendo ao jogador alocá-lo na unidade de batalha, espionagem, médica ou engenharia. A unidade de espionagem é a mais útil, e essencial para alguns momentos do jogo. Os espiões coletarão informações nos locais em que atuarem, desde localização de equipamentos até documentos importantes. Essa possibilidade de recrutamento é bem interessante, trazendo mais uma inovação à franquia.
Outra grande mudança foram as cutscenes. Em todos os jogos da série Solid, as cutscenes ocorriam no próprio gráfico do jogo, com diálogos em voz e texto. Aqui, teremos quadros semi-estáticos desenhados por Ashley Wood, o artista das HQs de Metal Gear. Há voz e legendas nas cenas. Essa estética ficou muito bacana e será usada no Peace Walker. Mas um ponto negativo são as conversas via Codec: só há texto. Isso deixa os diálogos um pouco menos interessantes e às vezes cansativos. A quantidade e variações das linhas de diálogos também diminuíram drasticamente, o que é uma pena, acabou tirando a importância do Codec. Nos títulos anteriores, era possível conversar diversas vezes com a mesma pessoa e ter informações novas a cada ligação. Isso raramente ocorre em Portable Ops.
A parte de jogabilidade não trouxe grandes novidades, manteve a essência do stealth e as poucas batalhas de chefes exigem raciocínio, embora sejam chatas na maioria das vezes. A câmera também não ajuda muito, se mexe de forma estranha. No geral, é uma jogabilidade OK. A parte gráfica é razoável e os cenários muito pobres. Tudo é muito vazio. Além disso, os movimentos dos personagens jogáveis são exatamente iguais, só havendo a substituição da aparência.
Muitos fãs não gostam de Portable Ops, o que é compreensível. É um jogo com muitas deficiências, tentou ser mais casual e manteve menos foco na história. A fluidez da jogatina tem seus altos e baixos, por vezes animando o jogador, por outras trazendo repúdio. Serão muitos testes de paciência ao longo do gameplay, e não será por causa do stealth. Apesar de fazer parte da história, Portable Ops não acrescenta muitas coisas relevantes. É possível ignorá-lo. Vale jogar pela curiosidade e para conferir algumas boas ideias que foram mal aproveitadas. E, principalmente, para curtir as artes de Ashley Wood. Se não tiver paciência para jogar, leia a história ou assista a algum vídeo sobre. Há informações legais para entender, principalmente, o embrião dos Patriots e Outer Heaven.