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  • Review | Metal Gear Rising: Revengeance

    Review | Metal Gear Rising: Revengeance

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    Alguém imaginava que a série Metal Gear se tornaria um hack’n slash? Bom, quem jogou Metal Gear Solid 4 e viu a performance de Raiden pode ter imaginado esta possibilidade. Anos mais tarde, tal ideia tomaria vida. Para tanto, a Kojima Productions se uniu à Platinum Games e criou algo surpreendentemente fiel a Metal Gear numa pegada completamente diferente do que a franquia já havia apresentado.

    Metal Gear Rising: Revengeance, lançado para XBox360, Playstation 3 e PC, se passa alguns anos após Metal Gear Solid 4 e toda a ambientação remete àquele jogo, especialmente alguns inimigos. Você controla Raiden, o protagonista de Metal Gear Solid 2 que fez importantes aparições no 4 na forma de um ciborgue.

    Quem gostou das batalhas de Raiden em Metal Gear Solid 4 vai pirar com este jogo. O ninja ciborgue está mais poderoso do que nunca e deixará tudo em pedaços com sua espada. Raiden é absurdamente forte e rápido, tem movimentação fluida e golpes mirabolantes. Cada batalha será regida por uma chuva de golpes, membros dilacerados e um banho de sangue. O jogo é muito violento, sendo amenizada levemente pelo fato de os inimigos terem partes mecânicas, caso contrário o gore seria intenso.

    mgr2Dentre as diversas opções de golpes e combos, o maior destaque do combate é o Blade Mode, onde tudo ficará em câmera lenta e Raiden aplicará inúmeros golpes para dilacerar seu oponente. O mais interessante é a possibilidade de controlar os cortes, escolhendo a direção de cada um deles para atingir partes específicas  do inimigo.

    Existem duas barras no jogo: vida e energia para executar o Blade Mode. Ambos podem ser recuperados com itens ou retirando essas energias do “núcleo” dos inimigos. Para isso, você deverá golpeá-lo para deixar o corpo bem fraco e executar o Blade Mode para cortar o ponto exato para extrair o “núcleo”. Isso incentiva o jogador a utilizar o Blade Mode com mais precisão e menos displicência.

    Um dos pontos mais interessantes é a possibilidade de utilizar a furtividade. Sim, Raiden não precisa entrar com o pé da porta e chamar a atenção de todos. É possível se mover pelo cenário e eliminar os inimigos silenciosamente. Sem dúvidas isso enriquece bastante a jogabilidade. Apesar disso, Raiden não rasteja, apenas andará mais devagar.

    A maioria dos combates são muito frenéticos e grandiosos. Raiden fará coisas típicas de anime, mesclando quick time events em meio a pancadaria. O comando de bloquear golpes é muito importante para facilitar as batalhas. Explore ao máximo a capacidade de Raiden e garanta o sucesso. Mesmo controlando um personagem bem forte, o jogo não é tão fácil.  A curva de aprendizado é fantástica, principalmente para quem prestar atenção nos detalhes do combate e quiser aprender os movimentos. A batalha final talvez seja o único ponto onde a dificuldade se eleva de forma um pouco brusca, mas se você treinou sua precisão no Blade Mode, não será nada impossível.

    mgr1OK, então as únicas referências a Metal Gear são o nome do jogo e o personagem principal? Definitivamente, não. Mesmo sendo um jogo de (muita) ação, Metal Gear Rising possui uma trama bem interessante, inclusive com assuntos pesadíssimos. Entre as batalhas teremos várias cutscenes, raramente longas, que vão trazendo todo o plano de fundo da história. Mas está faltando alguma coisa… algo presente em todos os jogos da franquia… ah, sim! O Codec!

    Por incrível que pareça, este jogo trouxe os diálogos via Codec. E não se engane, a quantidade de diálogos é GIGANTE! Se você quiser consumir todo o conteúdo disponibilizado, deverá investir um bom tempo. Entre cada missão, dezenas de linhas de diálogo estarão lá para serem ouvidas. E são muitas mesmo. Você pode ignorá-las completamente, mas perderá boa parte da história e informações. Por exemplo, nunca saberá qual personagem é brasileiro, e não ouvirá várias referências aos jogos de Metal Gear, citações a Solid Snake, dentre outras coisas bem interessantes. O Codec é algo que vai muito na contramão do jogo, pois quebra a ação frenética. Por outro lado, enriquece o universo de maneira surpreendente.

    É provável que somente fãs de Metal Gear terão o espírito para ouvir tantos diálogos no meio de batalhas tão intensas. No meu caso, joguei Metal Gear Rising pela primeira vez antes de terminar qualquer jogo da série Metal Gear, e não tive paciência nem interesse em ouvir aquele monte de conversa. Depois, após finalizar todos os Metal Gear Solid, tive mais interesse em ouvir os diálogos do Codec e achei um elemento muito bacana.

    mgr5Este jogo tem inúmeros elementos para agradar os fãs da série, desde referências aos jogos anteriores até as bizarrices a la Kojima (mesmo este não tendo participado da produção do jogo). Porém, isso trouxe algo um pouco negativo, principalmente em relação à personalidade de Raiden. Claramente tentaram aproximá-lo de Solid Snake, desde a entonação da voz até o próprio jeito de agir. Ao longo do jogo isso acaba diminuindo um pouco e temos um Raiden sofrendo conflitos internos que remeterão às suas origens.

    Raiden continua sendo dublado por Quinton Flynn e faz um bom trabalho. Interessante notar que alguns dubladores de outros Metal Gear estão de volta fazendo vozes de outros personagens. Por exemplo, Phil Lamarr (o eterno Vamp) faz a voz de Kevin; Jim Ward, outrora Granim em Metal Gear Solid 3, aqui faz Doktor; dentre outros que fizeram vozes extras em jogos anteriores e aqui assumem papéis bem mais relevantes.

    Vale dizer que os gráficos do jogo são ótimos, continuam bonitos até hoje. A parte sonora também merece destaque, especialmente as músicas com uma pegada heavy metal, que aumentam a adrenalina dos combates tornando-os bem mais divertidos e empolgantes.

    Metal Gear Rising é um ponto fora da curva. À primeira vista, dizer aos fãs de Metal Gear que seria feito um hack’n slash soaria uma grande heresia. Porém, souberam respeitam muito o universo criado por Hideo Kojima, aproveitando elementos dos jogos anteriores e criando algo bem interessante. O jogo fez questão de se colocar em seu devido lugar, preferindo utilizar o termo “Rising” ao invés de “Solid”, deixando bem claro que este é um jogo diferente. Quem não conhece o universo Metal Gear poderá aproveitar o jogo e todas as excelentes mecânicas de combate sem problemas. Para quem é fã, captar as referências será um ótimo bônus, lembrando mais uma vez que a história de Rising é muito profunda para um jogo do estilo. Jogue sem preconceitos.

  • Review | Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots

    Review | Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots

    A dinâmica econômica mundial tornou-se um verdadeiro mercado de guerra. No início do século XXI, os exércitos nacionais perderam importância para as PMC (Private Military Company, ou Companhias Militares Privadas), grupos armados que executam diversas tarefas relacionadas a conflitos bélicos, que vão de treinamento dos soldados a participação direta nas frentes de batalha. As PMC movem uma quantia absurda de dinheiro, criando uma hegemonia econômica sem volta. Dentre as inúmeras PMC existentes, cinco possuem maior relevância e destaque. Por uma coincidência (?) mórbida, estas cinco PMC são comandadas pelo nosso velho conhecido Liquid Ocelot, a “entidade” formada pelos dois grandes vilões da saga Metal Gear.

    Esse mercado de guerra tornou-se algo tão importante que, para evitar um caos generalizado, criou-se uma regularização rigorosa. Todas as armas vendidas no mundo possuem um sistema de identificação ligado a uma rede central. As armas recebem uma espécie de identificação biométrica limitando o uso daquela arma a apenas uma pessoa. Além disso, é possível travar as armas caso os soldados se envolvam em algum conflito “fora das regras”. Mas o ser humano é ambicioso e criou um mercado paralelo de “lavagem de armas”, que eliminam essa identificação e possibilita qualquer pessoa usá-la. A consequência disso é um mercado negro de armas fora desse sistema de controle.

    Solid Snake e Otacom são convocados por Roy Campbell para realizarem um último serviço: eliminar Liquid Ocelot, que planeja impor sua hegemonia mediante as PMC que controla. Não há possibilidade de simplesmente bloquear as cinco PMC, pois elas são responsáveis por um percentual gigante da economia global. Eliminar essas PMC significa destruir a economia mundial. O mais sensato, portanto, é eliminar o cabeça dos planos antes que, efetivamente, os coloque em prática.

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    Após dois jogos focados em Big Boss (Metal Gear Solid 3 e Portable Ops), retornamos aos dias atuais para mostrar a conclusão da história de Solid Snake. A primeira coisa que chama a atenção é a aparência do herói. Ele sofreu um envelhecimento precoce e lhe resta pouco tempo de vida. Logo na tela-título vemos Snake, de terno, fumando em um cemitério ao som da melancólica, porém belíssima, música-tema. Este tom de despedida estará presente durante todo o jogo, em momentos fortes e marcantes. O filho de Big Boss terá sua última missão.

    Para compensar o enfraquecimento de seu corpo, Snake utiliza uma roupa especial que, além de aumentar um pouco sua força, mudará de cor e textura de acordo com o ambiente, tornando-se uma eficiente camuflagem. Mesmo com a roupa, nosso herói ainda reclamará da dor nas costas se permanecer muito tempo abaixado e parado. É o tipo de detalhe que nosso querido Hideo Kojima adora. Ao redor de Snake há um círculo que permite identificar de onde vêm os sons do ambiente.

    O sistema de camuflagem não foi a única herança de Metal Gear Solid 3. As habilidades de CQC (Close Quarters Combat) foram aprimoradas, implementando até a famosa técnica de segurar a faca junto da arma de fogo, algo que Solid Snake não fazia nos jogos anteriores. O próprio Solid Eye, equipamento utilizado por Snake para ter visão noturna e outras funções, lembram um tapa-olho, tal como o de Big Boss, só que utilizado no olho esquerdo ao invés do direito. A barra de stamina (resistência) foi substituída pela de stress, que diminui com a tensão de combate (Snake ser visto ou ferido), ajudando a imersão nesse cenário de guerra. Em algumas situações, a barra foi utilizada como elemento narrativo, aumentando ou diminuindo de acordo com alguma coisa que falam ou fazem com Snake nas cutscenes.

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    E falando nas cutscenes, este é o ponto mais controverso do jogo. Muitos criticaram o excesso de partes não jogáveis. Existem muitas? Sim, você deve estar disposto para assistir a vários minutos de ótimas cenas da história. A qualidade da narrativa é incontestável. Pode testar a paciência de alguns jogadores, mas, sinceramente, a narrativa sempre foi o ponto forte de Metal Gear. Quem é fã irá se deliciar com toneladas de diálogos, cenas de ação impressionantes e revelações bombásticas. Durante as cenas, existem pequenos flashs que remetem a cenas dos jogos anteriores, ajudando a criar uma atmosfera nostálgica ao mesmo tempo que enriquece a narrativa. Os diálogos via Codec voltaram com inúmeras linhas de conversa, algo que deixou muito a desejar em Portable Ops.

    Alguns momentos trarão duas cenas ao mesmo tempo, em tela dividida, que por um lado é bacana no quesito dinâmica, mas por outro obriga o jogador a ignorar uma das cenas. É impossível acompanhar de maneira efetiva dois acontecimentos simultâneos. Porém, é muito legal batalhar numa metade da tela enquanto um personagem luta na outra.

    O jogador poderá coletar armas para trocá-las por pontos. Esses pontos serão usados para comprar novas armas e munições ou aprimorar as que já possuem. É interessante que não será possível utilizar todas as armas coletadas devido ao sistema de identificação. Neste caso, há duas opções: “lavar” a arma para eliminar esse bloqueio ou simplesmente vende-la para adquirir pontos.

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    Guns of the Patriots se passa décadas após o jogo anterior. Tudo indicava que a história não puxaria tantas coisas de Snake Eater. Ledo engano. O jogo amarra inúmeras informações de Metal Gear Solid 1, 2 e 3 de uma forma impressionante, e dará diversas porradas na cara do jogador. Há alguns elementos de fan service que deixarão alguns fãs malucos, especialmente aos que apreciam o game do Playstation 1. Vale lembrar que Guns of the Patriots é a continuação de Sons of Liberty.

    Não há dúvidas de que este é o jogo mais ambicioso da franquia até então. Ele ocupa praticamente todo o espaço do bluray do Playstation 3 e custou dezenas de milhões de dólares para ser produzido. É possível vislumbrar onde este investimento foi feito, pois o jogo, tecnicamente, é impecável. Os gráficos são excelentes para a época, os cenários muito bem construídos e variados, o gameplay flui satisfatoriamente e se aprimorou bastante em relação aos games anteriores. A ação está um pouco mais direta, às vezes mitiga a criatividade das batalhas de chefe, mas nada que comprometa a qualidade. A batalha final ganhou um gameplay exclusivo àquele momento e tem uma carga emocional comparável ao fim de Snake Eater. A agonia de Snake no decorrer do jogo é impressionante a ponto de causar forte empatia ao jogador. Na reta final então… a mão do joystick chega a tremer.

    Metal Gear Solid 4 trouxe um escopo grandioso, algo visto em poucos jogos. A todo momento, temos a impressão de estar jogando algo épico. É satisfatório jogar algo que foi produzido com tanto esmero. Um verdadeiro presente a todos os gamers. Sem dúvidas, um dos melhores jogos de todos os tempos. Exclusivo para Playstation 3.

  • Review | Metal Gear Solid: Portable Ops

    Review | Metal Gear Solid: Portable Ops

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    Metal Gear Solid: Portable Ops foi lançado exclusivamente para o PSP e faz parte da história da série, porém com algumas ressalvas. Isso porque o criador Hideo Kojima não escreveu, nem dirigiu o jogo. Desta forma, segundo o próprio Kojima, os acontecimentos de Portable Ops fazem parte da cronologia, ocorrendo seis anos após Metal Gear Solid 3, entretanto algumas informações estão deslocadas.

    A estrutura do jogo mudou bastante. A história está dividida em pequenas missões que são realizadas em cenários bem fechados e pequenos, podendo ser finalizadas de forma livre. Deu um ar de jogo casual, comum nos portáteis. Por um lado, isso deixa a jogatina bem agradável, como se fosse um livro de capítulos curtos. Você quer ler o próximo e saber o que vai acontecer. Em vários momentos isso acontece em Portable Ops, até que surge uma missão genérica e desinteressante.

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    Durante as missões, soldados inimigos poderão ser capturados para se juntar ao seu exército. Cada um tem atributos próprios, cabendo ao jogador alocá-lo na unidade de batalha, espionagem, médica ou engenharia. A unidade de espionagem é a mais útil, e essencial para alguns momentos do jogo. Os espiões coletarão informações nos locais em que atuarem, desde localização de equipamentos até documentos importantes. Essa possibilidade de recrutamento é bem interessante, trazendo mais uma inovação à franquia.

    Outra grande mudança foram as cutscenes. Em todos os jogos da série Solid, as cutscenes ocorriam no próprio gráfico do jogo, com diálogos em voz e texto. Aqui, teremos quadros semi-estáticos desenhados por Ashley Wood, o artista das HQs de Metal Gear. Há voz e legendas nas cenas. Essa estética ficou muito bacana e será usada no Peace Walker. Mas um ponto negativo são as conversas via Codec: só há texto. Isso deixa os diálogos um pouco menos interessantes e às vezes cansativos. A quantidade e variações das linhas de diálogos também diminuíram drasticamente, o que é uma pena, acabou tirando a importância do Codec. Nos títulos anteriores, era possível conversar diversas vezes com a mesma pessoa e ter informações novas a cada ligação. Isso raramente ocorre em Portable Ops.

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    A parte de jogabilidade não trouxe grandes novidades, manteve a essência do stealth e as poucas batalhas de chefes exigem raciocínio, embora sejam chatas na maioria das vezes. A câmera também não ajuda muito, se mexe de forma estranha. No geral, é uma jogabilidade OK. A parte gráfica é razoável e os cenários muito pobres. Tudo é muito vazio. Além disso, os movimentos dos personagens jogáveis são exatamente iguais, só havendo a substituição da aparência.

    Muitos fãs não gostam de Portable Ops, o que é compreensível. É um jogo com muitas deficiências, tentou ser mais casual e manteve menos foco na história. A fluidez da jogatina tem seus altos e baixos, por vezes animando o jogador, por outras trazendo repúdio. Serão muitos testes de paciência ao longo do gameplay, e não será por causa do stealth. Apesar de fazer parte da história, Portable Ops não acrescenta muitas coisas relevantes. É possível ignorá-lo. Vale jogar pela curiosidade e para conferir algumas boas ideias que foram mal aproveitadas. E, principalmente, para curtir as artes de Ashley Wood. Se não tiver paciência para jogar, leia a história ou assista a algum vídeo sobre. Há informações legais para entender, principalmente, o embrião dos Patriots e Outer Heaven.