Martha Medeiros é famosa por suas crônicas em revistas femininas e livros que já foram adaptados para filmes e séries de televisão. Seus textos são leves, íntimos, como se ela conversasse com uma amiga em um café e esse é exatamente o espírito de Um Lugar na Janela.
Nesse livro, a autora reúne crônicas sobre suas muitas viagens. O livro começa com um relato detalhado da primeira experiência dela na Europa, de mochila, dormindo na casa de amigos de amigos, movida a pouco dinheiro e muita cara de pau. Em seguida, seguem-se relatos menos exatos, apenas pequenos apanhados de sensações de lugares como Roma, Santiago, Nova York e Tóquio.
Desde o início Martha deixa claro que não se trata de um guia de viagens, que ali não serão encontradas dicas de hotéis ou restaurantes, apenas suas impressões, pensamentos, uma espécie de diário de viagens. No fundo, esse diário narra também a vida da escritora: sua jornada de menina que dormia no sofá de dois lugares da casa de alguém que nunca viu à mãe de duas adolescentes sendo carregada por elas por Tóquio.
Se é interessante ver um relato tão emocional de cidades tão conhecidas, em diversos momentos a personagem Martha assume demais o papel central das histórias. Na maior parte do tempo não é da cidade que ela está falando, mas dela mesma e embora Martha seja uma personagem simpática e agradável, no fim de cada crônica a sensação é que vimos muito pouco da cidade que, a princípio, deveria ser o tema e personagem principal.
No final, Um Lugar na Janela é um livro agradável, com uma narradora que conversa com o leitor como um amigo muito antigo e muito querido, contando suas sensações e lembrança de alguns dos lugares mais famosos do mundo. No entanto, justamente a presença da narradora torna tudo um pouco superficial e deixa pouco lugar ao que realmente esperamos ver nesse livro: lugares diferentes do mundo. Não é bem um lugar na janela, é mais um lugar na sala de estar de Martha Medeiros ouvindo suas aventuras. Ainda assim, é um livro simpático, bem escrito e honesto, um possível bom livro para se levar a uma praia ou uma viagem.
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Texto de autoria de Isadora Sinay.
Confesso que fiquei um pouco desapontada com o livro.. Mas adorei encontrar sua critica tão sutil e certeira! Você verbalizou minha sensação quando fechei a última pagina do livro.
“Se é interessante ver um relato tão emocional de cidades tão conhecidas, em diversos momentos a personagem Martha assume demais o papel central das histórias. Na maior parte do tempo não é da cidade que ela está falando, mas dela mesma e embora Martha seja uma personagem simpática e agradável, no fim de cada crônica a sensação é que vimos muito pouco da cidade que, a princípio, deveria ser o tema e personagem principal”