Pensado originalmente para ser os números 11 e 12 do evento Crise nas Infinitas Terras, misturando conteúdo enciclopédico com o estilo prosaico de Marv Wolfman e George Perez – co-autores da mega saga – A História do Universo DC é uma espécie de epílogo da história que modificou todo o multiverso da DC Comics, nas palavras de Wolfman, já no interessante prefácio Imprimindo a Lenda. A conclusão do roteirista é de que esta era um retrato de um período da editora.
Os bastidores da criação da história foram os mesmos de Crise e dos Titãs dos dois autores, com Perez desenhando primeiramente os quadros para inserção das falas de Wolfman após. A diferença está na estrutura, uma vez que para contar todas as conclusões da personagem Precursora, seria preciso mais campo, usando-se as bordas das páginas para explicitar a origem dos universos, usando as imagens como gravuras de uma publicação literária com edição ilustrada.
A narração da Precursora visa recolher a verdade, passando por diversos períodos históricos e eventos envolvendo os personagens da editora, contando a origem dos Oanos, explicando a ideologia e função dos guardiões ao tentar patrulhar todo o universo primeiro com os Caçadores e depois com a Tropa dos Lanternas Verdes. A memória passa pelos tempos mitológicos gregos, depois pelo Império Romano e pela lenda do Rei Arthur. Também discorre sobre a Atlântida pré Arthur Curry (Aquaman) além do Egito de Thet Adam (Adão Negro), além dos mitos gregos, romanos e saxões.
O desenrolar dos fatos emenda a realidade fora das revistas com outros setores universais, comoa a Nova Gênese de Jack Kirby, a Cidade Gorila e o velho oeste de Jonah Rex. De certa forma, a publicação faz o mesmo exercício que Superdeuses de Grant Morrison faria no futuro, apesar de ser menos didático e antropológico e mais dramatúrgico, organizando como uma bela desculpa para contar tudo como um último relatório para o mentor dela, o Monitor através da descoberta do viés heroico.
Além da questão de catalogar todas as eras heroicas, A Historia do Universo DC também faz um comentário político ao passant, associando a dissolução da Sociedade da Justiça da America com o que viria a acontecer com Watchmen e a famigerada Lei Keane, que proibia o vigilantismo. Ainda há a preocupação em estabelecer a Mulher Maravilha como um evento recente, já que ocorria a reformulação de George Perez.
Na revista publicado pela Panini, há duas histórias extras, uma chamada A História de UDC, onde Dan Jurgens faz roteiro e esboços, auxiliado por denhistas diversos. O apêndice mostra Donna Troy perdida no espaço tempo, explorando as incongruências do universo pós crise e contando do mesmo modo que a outra história tudo o que ocorreu após os eventos pós morte do Monitor, resumindo sagas como Lendas, Zero Hora, Crise Infinita etc. Também há como material extra, historias de apenas duas páginas, escritas por Mark Waid e desenhadas por grandes nomes da industria, como Ivan Reis, Andy Kubert e Adam Hughes. Esta versão do compilado visa trazer um panorama completo sobre os eventos ocorridos na historiografia da editora, atinge esse objetivo de maneira inventiva e inteligente, ainda que burocrática e corrida em certos pontos.