Segredo de Família, de Eric Heuvel, holandês e um dos grandes cartunistas e ilustradores da atualidade, chega ao Brasil pelas mãos da Quadrinhos na Cia. Heuvel tem formação em história e suas obras são conhecidas pela caráter educativo e o contexto histórico onde costuma retratar um pedaço da história da humanidade, e essa graphic novel trata exatamente disso.
Na trama, conhecemos Jeroen, um jovem que vai até a casa de sua avó procurando objetos que possam ser vendidos no Mercado de Pulgas do Dia da Rainha, um evento especial na Holanda em que a população sai às ruas para aproveitar a música ao vivo, comes e bebes, além do próprio comércio de mercadorias usadas que são vendidas no mencionado Comércio de Pulgas.
No meio das coisas de sua avó, Jeroen descobre um antigo uniforme policial holandês, uma estrela judia de tecidos, antigas fotografias e um álbum de recortes. Essa descoberta desperta uma série de lembranças e leva a avó de Jeroen a narrar a história de sua juventude em Amsterdam durante a ocupação alemã na Segunda Guerra Mundial.
O roteiro de Heuvel traça um paralelo com a história de Anne Frank, adolescente alemã de origem judaica, que morreu aos quinze anos no campo de concentração de Auschwitz, vítima do holocausto. Apesar de alemã, Anne se mudou para Amsterdam em 1933, fugindo da ascensão nazista que crescia cada dia mais. Em Segredo de Família, a avó de Jeroen tem como sua melhor amiga Esther, uma judia alemã que também se muda para Amsterdam fugindo da Alemanha antes do início da grande guerra.
Os pontos fortes da graphic novel são os relatos de acontecimentos históricos e os papéis que cada personagem desempenha nessa grande catástrofe mundial. Heuvel procura se abster de julgar as atitudes de cada um deles, evitando julgamentos morais. O traço cartunesco do autor é muito similar ao do belga Hergé (Tintim), o que não deve ser mera coincidência.
Um grande trabalho que tem como tema central o holocausto; no entanto, deixa muito a desejar se comparado a obras como Maus.