Em dezembro de 2018, um anime apareceu na Netflix: Baki, o Campeão. Muita gente não sabe, mas Baki é um anime/mangá antigo, e esta série é, na verdade, a terceira temporada. Isso poderia afastar os novos espectadores, mas ocorre o contrário. Após assistir este, caso lhe agrade, você acabará correndo atrás das temporadas anteriores. Já falamos delas em outra postagem, então confira AQUI.
Em locais diferentes do mundo, cinco condenados à morte escapam da prisão. Eles não se conhecem, mas simultaneamente fogem com um único objetivo: querem conhecer a derrota. Para isso, vão ao Japão, pois ouviram falar que ali encontrarão pessoas fortes que poderão realizar este desejo.
Todos os cinco são extremamente fortes, cada um seguindo um estilo de luta (não necessariamente uma arte marcial específica). Por serem tão fortes, nunca foram derrotados, e por isso desejam encontrar alguém forte o suficiente para lhes dar uma luta digna.
Eles vão até Tokyo Dome, local onde ocorreu o grande torneio na segunda temporada. Ali eles encontram os cinco lutadores que lhes farão frente, dentre eles o próprio Baki. Todos os personagens do lado do “bem” tiveram destaque no torneio da segunda temporada, e colocarão toda sua força em jogo. Agora, poderemos vê-los em qualidade de animação melhor e com aparência modificada, alguns mais, outros menos.
Se fôssemos avaliar a história de Baki, o resultado seriam apenas risadas. Tudo é muito maniqueísta, totalmente voltado às lutas, caricato e esdrúxulo. O objetivo de praticamente todos os personagens é serem fortes. Mas isso não é um problema, muito pelo contrário. O grande barato da série é justamente isso, ver a galera caindo na porrada em lutas extremamente exageradas, seja pela força, seja pela resistência física, ou mesmo pela situação onde a batalha ocorre.
As temporadas anteriores já tinham esse viés “porradístico”, sem haver uma ameaça ao mundo ou perigos à cidade. Não, os personagens lutam por si, querem ter duelos extraordinários e levar o inimigo ao chão com os punhos.
Por mais exageros que tenha, o anime traz diversas artes marciais existentes e as retrata muito bem. Posturas, movimentos e golpes são identificáveis, quem gosta de artes marciais vai perceber isso. E vale lembrar, a qualidade de animação está muito melhor que as temporadas anteriores. Movimentos fluidos, lutas mais dinâmicas e violência gráfica visceral. A testosterona jorrará com sangue e ossos quebrados.
Toda a ação é embalada com heavy metal, potencializando a atmosfera de fúria. A primeira abertura, que inicia os 13 primeiros episódios (metade da temporada), segue o mesmo estilo, com uma excelente música da banda Granrodeo. Aliás, a primeira abertura é um baita fan service, uma vez que traz diversas cenas de lutas da temporada anterior, terminando com a icônica luta final entre Baki e Jack Hammer (os músculos pulsantes das costas tem um significado maior do que parece). Já a segunda abertura remete àquela da segunda temporada, com Baki dando golpes no ar. Porém, diferentemente da animação horrenda da antiga, agora a movimentação é excepcional, muito fluida e realista. A música ficou a cargo da banda Fear and Loathing in Las Vegas, que já fez aberturas de Kaiji, Hunter X Hunter e outros animes. O som da banda é bem peculiar, onde as guitarras pesadas e vocal gutural são acompanhados de um tecladão frenético e, em algumas músicas, por outro vocalista cheio de efeitos sintetizados.
Na primeira metade da temporada, Baki não tem muito destaque. Quem não viu os episódios antigos pode até pensar que ele não é nada de mais, que é só um moleque que luta mais ou menos. Aos poucos, este cenário se inverte, principalmente depois da “iniciação” do garoto (que rendeu uma cena constrangedora, bizarra, mas que mantém o espírito galhofa da série).
São inúmeros personagens, todos muito fortes e protagonistas de lutas homéricas. Com exceção dos cinco vilões, todos os outros lutadores são velhos conhecidos. Alguns sofreram mudanças no visual, mas a essência está ali. Várias cenas dos episódios antigos foram refeitas com o visual novo e melhor qualidade de animação, em alguns flashbacks, e ficou bem legal. Isso ajuda inclusive quem não assistiu aos episódios antigos. Se você leu até aqui, acho que já deu pra notar que a história de Baki é qualquer coisa, um fiapo de roteiro pra justificar as cenas de porrada. Nessa proposta, o anime é sensacional. É daqueles pra assistir vários episódios seguidos, diversão pura. A Netflix foi cruel em disponibilizar apenas metade em dezembro de 2018, e somente em abril de 2019 liberou o resto. A dublagem brasileira merece elogios, com boas adaptações, atuações e vozes bem escolhidas.
Para quem devemos recomendar Baki? A todos que buscam um anime exagerado, com muita porrada, sem se preocupar em tramas mirabolantes e bem elaboradas. Baki não tem vergonha de ser ridículo e estereotipado. Justamente por isso é um anime tão bom e divertido. O final da temporada deixa muito claro que a história continuará. Enquanto não sair, busque as temporadas antigas, vale a pena conhecer, são tão ridículas e maravilhosas quanto.