Pouco antes de estourar a febre do Pokémon Go, um outro jogo ganhou certa notoriedade: Ingress. A desenvolvedora Niantic utilizou boa parte dos dados de Ingress para montar Pokémon Go, mas isso é outro assunto.
Ingress é um jogo de celular que utiliza o ambiente e a localização real para funcionar. Existem diversos portais espalhados pelas cidades do mundo inteiro, cabendo ao jogador capturar e defender esses portais para sua respectiva facção (Iluminados ou Resistência). Para fazer isso, o jogador deve ir até o local com o celular conectado à internet e, claro, com o jogo aberto. Na tela há o mapa do local, como se fosse um GPS, e os portais estão ali. Quando uma facção captura três portais próximos, eles fazem uma área triangular entre esses portais, tornando-a um espaço da facção. É possível capturar portais neutros e de outra facção.
Com base nesta ideia, por que não fazer um anime? Eis que a Netflix disponibiliza a primeira temporada da animação de Ingress, feita com aquela técnica 3D que simula o 2D. Tanto o visual quanto a animação têm boa qualidade.
Criou-se uma trama com pano de fundo interessante. Os cientistas descobrem uma estranha substância chamada XM capaz de influenciar a mente humana. Tal substância tem origem nos portais espalhados pelo mundo. Com isso, as duas facções, Iluminados e Resistência, entrarão em conflito para dominar os portais e, com eles, a XM.
A história gira em torno de Makoto, um jovem investigador que possui o poder de visualizar momentos presenciados por aquilo que ele tocar, seja pessoa ou objeto. Durante sua vida inteira ele se sentiu deslocado por conta desta habilidade. Quando Sarah cruza seu caminho, as cisas se tornam caóticas.
Sarah sobreviveu a um experimento com a XM, e agora está sendo perseguida. Um de seus algozes é Jack, o personagem mais interessante do anime. As relevações sobre a XM e as tramas paralelas envolvendo corporações poderosas tornam o anime bem interessante, muito mais do que o esperado.
Existe uma tentativa de fazer um paralelo com o jogo da vida real, trazendo uma espécie de justificativa para ele existir. Os personagens utilizam o Ingress em seus celulares para interagir com os portais, algo forçado para incluir o jogo na animação. Seria mais funcional algum outro dispositivo ou método de interação com os portais, mas OK, isso toma destaque em breves momentos que não chegam a prejudicar o todo. Na verdade, era difícil esperar algo realmente bom deste anime, e o resultado final surpreende. O ritmo da narrativa é bom, com alguns deslizes, mas não há grandes dificuldades para assistir a todos os episódios.