Outros tantos filmes do cinemão clássico de Hollywood ajudaram a compor a magia, entre eles, a versão de 1942 dirigida por John Rawlins de as 1001 Noites, cuja participação de Aladin é apenas um chiste/piada com direito a protagonismo de personagens brancos e eurocêntricos. Há também de se destacar a famigerada versão de 1986 que Tim Burton fez, para Teatro dos Contos de Fada (Faerie Tale Theatre) uma série de curtas exibida entre 1982 e 87, onde James Earl Jones faz dois gênios, tal qual o conto original, munido apenas de tinta corporal para tal. A história é baseada num conto chinês, adaptado para uma versão de as 1001 noites no século XVIII, e contem elementos de muitas culturas, assim como o próprio clássico da Disney.
Alguns filmes cercam a mitologia de Aladin (grafado assim na maioria das mídias), desde versões nacionais como Aladin e a Lâmpada Maravilhosa, dos Trapalhões, até uma versão com Bud Spencer, Aladim de Bruno Corbucci (irmão do também diretor Sergio Corbucci, criador de Django, o herói do western spaghetti), em uma versão já bem humorada do gênio da lâmpada. Houveram claro pastiches, como a cine série de terror Mestre dos Desejos, com quatro filmes, e claro, o péssimo Kazaam, com Shaquille O’Neal tentando carreira no cinema. Das versões bizarras, talvez a mais engraçada seja o musical indiano de 2009, Aladin, de Sujoy Ghosh, cujas coreografias são absurdas, assim como há muitos números musicais legais. Apesar de se passar na atualidade, e ignorando claro o estranhamento ao estilo de cinema de Bollywood, é um filme bem legal e bem feito.
Com o sucesso do longa animado, claro que se pensou em continuações, mas a Disney não tinha o hábito de fazer sequências e por isso, Retorno de Jafar foi lançado direto para vídeo, com uma qualidade visual bem aquém do esperado. A despeito disso, Al não parece ter evoluído como personagem, pois continua mentindo para sua amada, e isso talvez revele um problema de mitomania (em Aladdin e os 40 Ladrões ele também mantém esse defeito, incrivelmente), mas a realidade é que até por conta dos defeitos visuais, esse mais parece um piloto estendido da série animada que qualquer outra coisa, pois serve basicamente para por o papagaio Yago na historia novamente, para fazer o gênio retornar das férias ainda bem leal ao seu antigo amo, e para fechar as pontas soltas deixadas após o gancho do final de Jafar. Ao menos Jafar é sensacional, é vingativo e manipulador, e faz as vezes do Djinn de Mestre dos Desejos 3 anos antes do filme de Robert Kurtzman. Também se introduz Abismal, que viraria vilão recorrente do seriado. A parte da mitologia é atrapalhada, e pelo que se vê a libertação do gênio o faz ser menos poderoso que o vilão no auge dessa revanche.
A série animada passou entre Abril de 1994 e Novembro de 95 e teria 86 episódios, ela passou no Brasil via rede Globo, mas minha lembrança mais viva era de passar nas manhãs do SBT e algumas vezes no Disney Cruj/Disney Club. A maioria dos episódios explorava as historias assessorias das 1001 Noites, e o programa tinha seus próprios personagens originais, como Mecânicles, um grego que inventa robôs, o povo de Fedoroza, Miragem, a Sereia Saleen (que transforma Aladdin em um tubarão humano), a Rainha Hipsodete (que viveu um ” amor” com o sultão) e que é a soberana de Galafena, um paralelo com Themyscera, Mukhtar o caçador de gênios, entre outros menos notáveis. Há também anti heróis, como Sadira, que é quase uma versão feminina de Aladdin, e que varia nos clichês de heroína e vilã, aparições de outro gênio, que faz par com o amigo de Al, e nesse ponto da trama a metalinguagem se extrapola bastante.
Dos personagens originais, o que mais chama atenção é Mozenrath, introduzido em The Citadel (episodio 37) como um sujeito que quer contratar Aladdin para fazer um trabalho como ladrão. Ele tem poderes mágicos, mora no reino da areia preta e Yago dizia que o antigo mestre dele Destane, fazia até Jafar ter medo dele. O sujeito tem um parceiro animal, Xerxes, que parece uma enguia que ao invés de nadar, flutua e fala. Quase todas as suas aparições envolvem algo pessoal contra o protagonista, fato que faz o personagem ter um destaque especial quando aparece. A realidade é que, por mais que a dublagem brasileira salvasse alguns episódios, a maioria tem um texto bem básico, formulaico, além de ter um visual bem com muitos erro de animação e cores mal enquadradas, o quadro melhora ligeiramente na segunda temporada, mas continua com as mesmas tramas repetitivas.
Robin Williams voltaria a dublar o Gênio (na série e no segundo filme, foi Dan Castellaneta, o dublador de Homer Simpson), em Aladdin e os Quarenta Ladrões. Para retomar temática, o ser mágico azul volta a se disfarçar. Finalmente o casal de protagonistas se casa, e nesse meio tempo, aparece um grupo de ladrões, liderados por Cassim, que é além de ser um paralelo com Ali Babá, é também pai do protagonista. A qualidade da animação melhora bastante, mesmo também tendo saído só para vídeo. Há vários aspectos estranhos no roteiro, como o fato do Gênio soar como um animal domesticado, ainda que ainda guarde algumas características próprias suas, como a constante quebra da quarta parede. De positivo há Yago, que retorna a condição de marginal, tal qual sempre agiu nos oitenta e poucos episódios da série. Este parece um filme de ciclos e muitas repetições, mostrando um pouco de redenção do pai, que volta a ter contato com o filho, mas nada muito além disso.
Fato é que Aladdin tem um primeiro filme sensacional, e continuações animadas não tão inspiradas (exceção ao terceiro longa) que reúnem alguns bons momentos. O personagem-título, o gênio e os mitos árabes retornariam em outras mídias da Disney, em especial nos games. Houve também uma participação no desenho do Hercules, de Aladdin, sua turma e claro, Jafar. Em Hercules e a Noite Árabe a alma do feiticeiro chega ao Tártaro e Hades permite que ele volte a vida, tudo bem que Hercules deveria se passar antes de Cristo enquanto os impérios islâmicos habitaram a terra entre os séculos VI e VII, mas o foco é realmente na dramaticidade, e no flerte homo erótico entre os dois vilões, que prometem até se casar. O plano dos vilões faz os heróis caírem em confronto, como a maioria dos crossovers, e apesar de curto, durando apenas 20 e poucos minutos, a reunião dos personagens é bem legal.
Desde os anos noventa, durante a guerra dos 16 Bits, houveram boas versões de Aladdin nos consoles clássicos. Para Super Nintendo, a Capcom fez um jogo bem divertido, de gênero de aventura. O personagem aqui é praticamente estático, e é engraçada a participação do macaquinho Abu, que fica brincando com o cenário, como um Tails dos jogos de Sonic só que as avessas, pois além de não ajudar, ele ainda distrai o jogador, interagindo com inimigos e fingindo brigar o tempo inteiro, socando o ar quase sempre. No final do jogo, Jafar vira uma cobra gigante, e há tanta informação em tela que o console não suporta, e torna a luta em um combate de slow motion. Há um bom porte desse jogo para o Game Boy Advance, feito em 2003, que corrige boa parte desses problemas.
Para o Mega Drive, a Virgin fez um outro jogo, que tem como principal diferencial o uso por parte do heróis de uma cimitarra, que é uma espada árabe. Esse foi lançado em 1993 (e o jogo anteriormente citado também), e a limitação do console da Sega fez com que utilizassem mais as músicas do filme, fato que deu um charme especial para esta versão. As telas de carregamento/loadings são cenas retiradas do filme, dentro da estética do Mega, obviamente, e há mais inteirações, como venda de itens pelo mercador que é o gênio. Ambas versões são bem legais, no entanto a de SNES ficou mais famosa e é mais lembrada.
Houve também um jogo para Windows, de passatempo feito pela Disney Interactive, chamado Aladdins Activity Centre, que reunia quebra cabeça e pintura, era bem esquecível, e foi lançado em 94. O destaque real para jogos inéditos foi lançado em 2001, Aladdin: Nasiras Revenge, contando com uma história inédita e jogabilidade em 3d, fato que foi copiado inclusive nas participações do herói árabe na franquia Kingdom Hearts. O jogo de Play Station 1, e apesar da recepção mista, sua história era bem lega, mostra Nasira, uma poderosa feiticeira que quer ressuscitar seu irmão gêmeo, o vilão clássico, Jafar. Como no Mega Drive, Aladdin andava com uma cimitarra, e o roteiro era bem pretensioso, ao tentar justificar o irmão morto de Nasira. A realidade é que Nasira era poderosa, possivelmente mais até que Jafar, já que era necromante, não precisando lançar mão de um gênio para ser forte, background esse que a faz ser bastante rica. Uma pena que ela não foi explorada em outras mídias, mesmo porque potencial ela tinha para ser uma boa personagem.
A versão em live action que Guy Ritchie fez no Aladdin de 2019, teve uma recepção mista, mas nada terrível como se esperava antes, e certamente abre possibilidade para continuações, que ficam mais difíceis de ocorrer graças ao péssimo desempenho de Marwan Kenzari como vilão, pois como dá para perceber, a maioria das mídias, Jafar é quase tão importante quanto o príncipe ladrão e quanto o gênio onipotente,no entanto, a lenda de Aladdin e da lâmpada segue viva, muito por conta da Disney mas também por que seu conto é eterno.